domingo, 10 de fevereiro de 2008

#1 Táctica: Julho 2007

Ordem para comprar

O admirável mundo do mercado de transferências de FC Porto, Sporting e Benfica


Revolução ou renovação

Quando estiver a ler estas linhas, já um dos três grandes portugueses pode ter garantido o concurso daquele craque que faz as delícias dos adeptos. As novidades sucedem-se a um ritmo quase diário e até ao início da competição há sempre mais espaço para uma cara nova. O tema repete-se todos os anos: FC Porto, Sporting e Benfica procuram fortalecer o seu plantel, tornando-se complicado gerir as naturais debilidades orçamentais com a vontade de sócios e simpatizantes. Cada um dos clubes mais representativos do nosso futebol é um caso particular e as elevadas expectativas levam, muitas vezes, a falar-se de revolução ou renovação. À partida, o FC Porto parte com a vantagem da performance anterior e espera-se uma evolução na continuidade. No Sporting, tudo leva a crer que o rumo da aposta na formação é para manter. Já o Benfica encontra-se quase obrigado a fazer melhor do que o 3.º lugar da época anterior, sendo aquele que pode apresentar maior número de entradas e saídas.

A importância dos jogadores-chave

Em linguagem financeira, as Sociedades Anónimas Desportivas consideram as principais figuras de proa como os activos mais valiosos do clube. Paralelamente, o mesmo princípio é utilizado pelos adeptos que preferem, porém, tratar os craques por jogadores-chave.
Portugal não foge à regra: cada uma das equipas que luta pelo título reúne três ou quatro elementos fundamentais que servem de base à espinha-dorsal do colectivo. Alguns desses jogadores confundem-se com a bandeira do clube, sendo a sua permanência para a época vital para a obtenção de títulos. No FC Porto, podemos incluir os nomes de Pepe, Lucho Gonzalez, Anderson e Ricardo Quaresma. Já no Sporting, facilmente se reconhece o papel do guarda-redes Ricardo, o talento de Miguel Veloso e João Moutinho e a classe de Liedson. Por fim, também o Benfica reúne jogadores considerados primordiais para futuras vitórias, como seja o caso de Luisão, Petit, Simão e Miccoli.
Ficar sem os direitos desportivos de um jogador-chave pode representar um bom negócio para o equilíbrio das contas, mas será sempre uma perda difícil de colmatar em termos desportivos.

Definição de um gabinete de prospecção

Cada vez mais, no futebol dito moderno, a competitividade dentro das quatro linhas exige igual sentido profissional quando se trata de descobrir a última pérola. Nos dias de hoje, não basta enviar olheiros para territórios longíquos ou observar meia dúzia de vídeos. A contratação de uma futura estrela implica um trabalho estruturado no tempo, de forma a traçar o perfil técnico, psicológico e físico do jogador que se pretende adquirir.
Em Portugal, mesmo nos grandes, ainda há hábitos antigos que custam a ser ultrapassados e FC Porto, Sporting e Benfica só teriam a ganhar com a criação de um gabinete de prospecção sério e rigoroso. Já se sabe que comprar bom e barato pode revelar-se tarefa difícil de atingir, mas torna-se crucial referenciar vários jogadores por posição, divididos em idades, custo e características.

Atletas a dispensar

Direcção e equipa técnica convergem no mesmo sentido: invariavelmente o plantel necessita de retoques e os ajustamentos passam pela dispensa (ou venda) de jogadores que demoram a adaptar-se ou, pura e simplesmente, ficaram aquém das expectativas.
No campeão, alguns nomes podem figurar da lista de empréstimos: o argentino Lucas Mareque teve poucas oportunidades e tarda em afirmar-se, os jovens André Castro e Vierinha podem ganhar maturidade noutro emblema e, por fim, ainda subsistem dúvidas quanto à continuidade de Alan, Wason Rentería e Bruno Moraes.
Para os lado de Alcochete, Paulo Bento mostra ter convicções fortes e ideias bem definidas: apesar de Ronny ter tido algumas aparições interessantes, foi o defesa menos utilizado. No entanto, é no miolo que as mudanças são mais drásticas, com a saída de Custódio para o Dínamo de Moscovo, a não renovação contratual com Carlos Martins e a fraca aposta em Farnerud e Paredes. Por fim, não se tratando propriamente de dispensa (os jogadores estavam emprestados), facilmente se depreende que Bueño e Alecsandro devem abandonar Alvalade.
Sobra o Benfica e a indefinição não destoa dos seus principais adversários. Desde logo, a partir da baliza, pois Quim foi sempre a primeira escolha de Fernando Santos. Daí para a frente, muitas decisões dependem da vinda de mais um reforço, mas há jogadores com menor margem de manobra, como seja o caso de João Coimbra (adquirir ritmo competitivo), Marco Ferreira (carta fora do baralho?), Manú e Paulo Jorge, só para citar alguns.

Reforços em função do modelo de jogo

Costuma-se dizer que quando se contrata um treinador, contrata-se o seu modelo de jogo. Nos três grandes, grande parte do trabalho já vem da temporada passada e a permanência de Jesualdo Ferreira, Paulo Bento e Fernando Santos garante, à partida, maior aprumo na hora de identificar as principais lacunas da equipa. Muito provavelmente, Sporting e Benfica devem manter a base do seu jogo no 4x4x2, enquanto o FC Porto, desde que mantendo Quaresma, alternará o 4x3x3 com o já citado losango
Deste modo, qualquer um dos treinadores tentará suprir a saída de um elemento valioso, por outro jogador de valor semelhante e equilibrar o plantel para fazer face às várias competições que se avizinham.
Em resumo, a questão dos reforços estará sempre dependente da manutenção, ou não, das principais estrelas. De qualquer forma, há espaço para efectuar alguns retoques, mais que não seja por elementos que prestem rotação à equipa. Vejamos como o mercado pode protagonizar um papel de extrema importância.

Contratações a nível interno

Embora a opção por atletas de clubes nacionais possa revelar um sintoma de menor disponibilidade financeira, não significa que não tenha correspondência nos resultados. Por vezes, o mercado nacional apresenta vantagens que não são de descurar. Por um lado, existe maior facilidade em cativar elementos de emblemas mais modestos e os grandes podem sempre retribuir através de empréstimos ou simples troca de jogadores; por outro lado, a experiência nas competições nacionais elimina o fantasma de eventuais problemas de adaptação, ainda que a dimensão possa representar um obstáculo na mudança.
Um dos bons exemplos desta política de contratações vem do acyual campeão, que tem tradição nesta matéria. Assim, não é de espantar que o lateral esquerdo Lino, proveniente da Académica, seja uma das caras novas, como forma de compensar o menor acerto de Lucas Mareque e a adaptação, ao lugar, de Jorge Fucile.
De seguida, oferecemos alguns exemplos de possíveis contratações a nível interno. Tratam-se de jogadores interessantes, com alguma margem de progressão e potencial para triunfar nos grandes do nosso futebol:

Fernando (U. Leiria)
Idade = 28 anos
Altura = 191 cm
Peso = 89 kg
Valor (aprox.) = 350.000 €
Descrição: guarda-redes equilibrado
Alvo: FC Porto (Vítor Baía abre vaga na baliza) e Benfica (mantém-se dúvida sobre o futuro de Moreira e Moretto)

Mangualde (P. Ferreira)
Idade = 25 anos
Altura = 170 cm
Peso = 69 kg
Valor (aprox.) = 350.000 €
Descrição: lateral direito determinado
Alvo: Sporting (Abel necessita de concorrente directo)

Paulo Jorge (Sp. Braga)
Idade = 26 anos
Altura = 185 cm
Peso = 84 kg
Valor (aprox.) = 1.250.000 €
Descrição: defesa central com capacidade de liderança
Alvo: Benfica (preparar substituição futura de Luisão)

Nivaldo (Belenenses)
Idade = 26 anos
Altura = 187 cm
Peso = 75 kg
Valor (aprox.) = 650.000 €
Descrição: defesa central com bom jogo aéreo
Alvo: FC Porto (eventualidade de Pepe ser transferido)

Antunes (P. Ferreira)
Idade = 20 anos
Altura = 175 cm
Peso = 69 kg
Valor (aprox.) = 400.000 €
Descrição: lateral esquerdo com forte pontapé
Alvo: Sporting (Ronny demora a impor-se e Tello decidiu-se pelo Besiktas)

Ricardo Chaves (Sp. Braga)
Idade = 29 anos
Altura = 180 cm
Peso = 75 kg
Valor (aprox.) = 1.000.000 €
Descrição: médio defensivo trabalhador
Alvo: Sporting (saída de Custódio abre vaga a outro pivot defensivo)

Kazmierczack (Boavista)
Idade = 25 anos
Altura = 191 cm
Peso = 80 kg
Valor (aprox.) = 1.500.000 €
Descrição: médio centro poderoso fisicamente
Alvo: FC Porto (meio-campo necessita de músculo)

José Pedro (Belenenses)
Idade = 28 anos
Altura = 186 cm
Peso = 77 kg
Valor (aprox.) = 1.750.000 €
Descrição: médio centrol criativo
Alvo: Benfica (Rui Costa tem de passar testemunho)

Nei (Naval)
Idade = 27 anos
Altura = 187 cm
Peso = 75 kg
Valor (aprox.) = 1.350.000 €
Descrição: ponta-de-lança oportuno
Alvo: Sporting (poderia ser o companheiro ideal para Liedson)

Roland Linz (Boavista)
Idade = 25 anos
Altura = 185 cm
Peso = 73 kg
Valor (aprox.) = 2.500.000 €
Descrição: ponta-de-lança de remate fácil
Alvo: FC Porto (dupla com Adriano seria temível)

Dady (Belenenses)
Idade = 25 anos
Altura = 191 cm
Peso = 84 kg
Valor (aprox.) = 2.000.000 €
Descrição: ponta-de-lança com virtudes no cabeceamento
Alvo: Benfica (Fernando Santos procura um goleador)

A lista poderia ser mais extensa e outros nomes poderiam ser apontados: Marco (guarda-redes, Belenenses), Lino (lateral esquerdo, Académica – confirmado pelo FC Porto), Bruno Amaro (médio centro, Nacional), Ruben Amorim (médio centro, Belenenses), Tiago Gomes (médio centro, Est. Amadora), Filipe Teixeira (médio ofensivo, Académica), Marcinho (médio ofensivo, Marítimo), Slusarski (ponta-de-lança, U. Leiria).

Investimento em figuras de top: parcerias financeiras

A alternativa orientada para o mercado externo implica alguns riscos acrescidos. Desde logo, em termos puramente monetários, pois é sobejamente conhecida a diminuta capacidade negocial dos principais clubes portugueses. Por sua vez, nem sempre a integração do atleta é pacífica e o jogador demora a assimilar princípios do modelo de jogo e adaptar-se à filosofia do clube.
Na visão dos sócios e simpatizantes dos três grandes, as possíveis contrariedades que foram referidas não fazem qualquer sentido. Nesta fase, o ideal seria que FC Porto, Sporting e Benfica já tivessem apresentado craques como Ronaldinho, Kaká e Drogba, só para citar alguns, mas a realidade é completamente diferente. Lamentavelmente, as grandes figuras mundiais pisam relvados em Espanha, Itália, Inglaterra e trata-se de uma ilusão sequer pensar que Portugal pode competir ao nível do topo da pirâmide. O primeiro nível de mercado implica investimentos avultados e torna-se missão impossível esgrimir forças com orçamentos de equipas como Chelsea, Real Madrid e AC Milan, por exemplo.
A solução passa pela obtenção de parcerias financeiras, onde a aquisição de determinado passe seja realizada, de forma conjunta, com um fundo de investimento. Outra hipótese, muitas vezes perseguida, diz respeito à negociação, com colossos europeus, de jogadores em final de carreira, acima dos trinta anos, em situação de empréstimo.
De tempos a tempos, um dos grandes consegue surpreender com a apresentação de um jogador de reconhecida qualidade, normalmente internacional pelo seu País. Também nesta situação, o factor moda marca presença. Nos finais da década de 80 e inícios de 90, era comum a vinda de jogadores de leste, alguns deles com características técnicas apreciáveis. Depois, a moda estendeu-se ao mercado brasileiro, quer devido às margens de custo, quer devido à relação histórica entre os dois Países. Nos dias que correm, preferencialmente em Inglaterra, França e Alemanha, os jogadores africanos têm ganho o seu espaço e, talvez, a vinda de Marco Zoro, natural da Costa do Marfim, para o Benfica, seja o primeiro passo no sentido de olhar para o mercado africano com outros olhos.
Em suma, os três grandes têm de contornar a menor disponibilidade financeira através da criação de um gabinete profissional que realize uma prospecção bem orientada, com a existência de um conjunto de olheiros de categoria inatacável. A história recente demonstra que FC Porto, Sporting e Benfica não devem ultrapassar o limite máximo (por jogador) de 10 milhões de euros. Actualmente, existe maior consciencialização por parte dos dirigentes e a saúde financeira obriga a alguma contenção. Ainda assim, apresenta-se um conjunto de jogadores que preenchem os requisitos desse patamar orçamental:

Joris Mathijsen (Hamburgo)
Idade = 27 anos
Altura = 182 cm
Peso = 72 kg
Valor (aprox.) = 10.000.000 €
Descrição: defesa central resistente

Fernando Cavenaghi (Bordéus)
Idade = 23 anos
Altura = 181 cm
Peso = 78 kg
Valor (aprox.) = 10.000.000 €
Descrição: ponta-de-lança muito oportuno

Stiliyan Petrov (Aston Villa)
Idade = 27 anos
Altura = 180 cm
Peso = 74 kg
Valor (aprox.) = 9.500.000 €
Descrição: médio centro tecnicista

Cristiano Lucarelli (Livorno)
Idade = 31 anos
Altura = 188 cm
Peso = 85 kg
Valor (aprox.) = 9.000.000 €
Descrição: ponta-de-lança poderoso

Christian Poulsen (Sevilha)
Idade = 27 anos
Altura = 182 cm
Peso = 76 kg
Valor (aprox.) = 9.000.000 €
Descrição: médio defensivo de grande cultura táctica

Victor Obinna (Chievo)
Idade = 20 anos
Altura = 182 cm
Peso = 80 kg
Valor (aprox.) = 8.500.000 €
Descrição: avançado explosivo

Luca Castellazzi (Sampdória)
Idade = 31 anos
Altura = 191 cm
Peso = 86 kg
Valor (aprox.) = 3.000.000 €
Descrição: guarda-redes experiente

Mariano Pernía (Atlético Madrid)
Idade = 30 anos
Altura = 177 cm
Peso = 81 kg
Valor (aprox.) = 6.500.000 €
Descrição: lateral esquerdo de forte remate

Sidi Keita (Lens)
Idade = 22 anos
Altura = 177 cm
Peso = 73 kg
Valor (aprox.) = 5.000.000 €
Descrição: médio centro enérgico

Kim Kallstrom (Lyon)
Idade = 24 anos
Altura = 181 cm
Peso = 79 kg
Valor (aprox.) = 7.500.000 €
Descrição: médio ofensivo talentoso

Formação e política desportiva

Antes de mais, o planeamento da política desportiva deve obedecer a critérios orçamentais rigorosos e ajustados à realidade financeira do clube, sem perder de vista objectivos ligados ao que se passa dentro das quatro linhas.
Existem várias abordagens sobre como operacionalizar uma política desportiva coerente com os valores do clube e diferentes estratégias podem atingir resultados de sucesso. Veja-se o caso do mais recente campeão europeu: o onze titular do AC Milan é constituído, maioritariamente, por jogadores italianos, sendo grande parte da chamada prata da casa. Basta observar a contínua aposta do clube em veteranos como Paolo Maldini, para verificar que a política desportiva milanesa não menospreza os bilhetes de identidade.
Em Portugal, de forma contrária, temos o exemplo flagrante da política seguida pelo Sporting. É sobejamente conhecida a capacidade do clube leonino para formar jogadores de elevada qualidade e se, no passado, reconhecem-se os nomes de Figo, Quaresma, Simão, Cristiano Ronaldo, no presente a Academia de Alcochete continua a produzir talentos como João Moutinho, Miguel Veloso e Bruno Pereirinha. Dos três grandes, o Sporting é, sem dúvida, aquele que orienta a sua política desportiva para uma das suas vertentes mais importantes: a formação.
Vejamos algumas jovens promessas que podem ter a sua oportunidade e que se encontram na rampa de lançamento para a próxima época:

FC Porto

Bura (18 anos)
Altura = 190 cm
Peso = 82 kg
Descrição: defesa central
Pontos fortes: envergadura física

André Castro (19 anos)
Altura = 179 cm
Peso = 75 kg
Descrição: médio defensivo
Pontos fortes: certeza no passe

Vieirinha (21 anos)
Altura = 171 cm
Peso = 66 kg
Descrição: médio ala
Pontos fortes: drible e aceleração
Marcelo Santiago (19 anos)
Altura = 182 cm
Peso = 65 kg
Descrição: ponta-de-lança
Pontos fortes: força e capacidade de impulsão

Sporting

Daniel Carriço (18 anos)
Altura = 180 cm
Peso = 75 kg
Descrição: defesa central
Pontos fortes: marcação

Tiago Pinto (19 anos)
Altura = 176 cm
Peso = 65 kg
Descrição: lateral esquerdo
Pontos fortes: apetência ofensiva

Bruno Pereirinha (19 anos)
Altura = 173 cm
Peso = 68 kg
Descrição: médio
Pontos fortes: versatilidade posicional

Adrien Silva (19 anos)
Altura = 178 cm
Peso = 75 kg
Descrição: médio centro
Pontos fortes: técnica e inteligência

Fábio Paim (19 anos)
Altura = 180 cm
Peso = 75 kg
Descrição: médio ala
Pontos fortes: drible e jogadas de 1x1

Yannick Pupo (19 anos)
Altura = 175 cm
Peso = 72 kg
Descrição: médio ofensivo
Pontos fortes: marcação de bolas paradas

Benfica

Pedro Correia (20 anos)
Altura = 175 cm
Peso = 64 kg
Descrição: lateral direito
Pontos fortes: capacidade de desarme

João Coimbra (21 anos)
Altura = 183 cm
Peso = 82 kg
Descrição: médio
Pontos fortes: concentração competitiva

Kaz Patafta (18 anos)
Altura = 172 cm
Peso = 71 kg
Descrição: médio ofensivo
Pontos fortes: visão de jogo

Yu Dabao (19 anos)
Altura = 185 cm
Peso = 78 kg
Descrição: ponta-de-lança
Pontos fortes: colocação de remate

versão integral

Sem comentários: