quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A mística perdida do Sport Lisboa e Benfica

Caros leitores: podem considerar que o 'timing' deste artigo não é o mais adequado. Principalmente depois de ultrapassado o descalabro da Trofa, mercê das vitórias frente a Sp. Braga, para a Liga Sagres, Olhanense, para a Carslberg Cup e após a visita de 'Deus' Maradona ao palco da Luz. Provavelmente, têm razão. Acontece que já há uns dias vinha pensando no tema que dá nome ao título. Como é hábito, as minhas apreciações acerca do universo encarnado não se encontram condicionadas por resultados positivos ou negativos, nem pretende ser um espelho diário da imprensa desportiva.

mística s.f.,
estudo das coisas divinas ou espirituais;
vida contemplativa;
por ext. fanatismo doutrinário.

A natureza da palavra

Ao contrário do termo que aparece no dicionário, quando o assunto é futebol a mística assume um carácter intangível, praticamente inexplicável. Então quando esta diz respeito ao Benfica, o tema assume enormes proporções, com debates sem fim à vista. Muitos, afirmam que as vitórias representam um sinónimo perfeito para a mística. Alguns, preferem falar de amor à camisola. Vários sentem-na, mas é díficil encontrar o significado certo para a palavra. Porque esta é geracional e substancialmente diferente entre um grupo alargado de indivíduos. Dirigentes, treinadores, jogadores, inclusive adeptos, podem ser portadores da mística e, ao contrário do bilhete de identidade, ela é pessoal e transmissível.

Juízo pessoal

Para melhor conhecer e compreender como se construíu a mística do Benfica, aconselharia a leitura do livro 'Pela Mística Dentro'. Porém, num acto irreflectido e arriscado, gostaria de transmitir a minha visão sobre o assunto. É mais difícil do que possa parecer, mas não custa tentar.

Em primeiro lugar, é verdade que a mística ganha asas no momento das maiores celebrações. Nada a opor. Contudo, na época 1965/66, o título nacional foi conquistado pelo Sporting. Será que o plantel do Benfica, nessa temporada, não continha em si a tão famosa mística? Sem hesitar, não me parece. Sendo certo que as vitórias alimentam a lenda, falta algo mais que complete a fórmula mágica.

No meu entender (enchendo o peito de ar), mística é compromisso, identidade e lealdade. Compromisso com uma causa, entendida enquanto dedicação ao emblema, privilegiando um espírito de sacríficio que leve às vitórias. Identidade com as raízes do clube, conhecendo a sua história e respeitando os seus protagonistas. Lealdade com um símbolo, defendendo com prazer e orgulho a camisola que dá cor a uma nação.

Actualmente, não será descabido afirmar que a mística encontra-se depositada em Rui Costa. O director desportivo preenche os requisitos enunciados, sendo das poucas vozes da estrutura encarnada que todos fazem questão de escutar. Indubitavelmente, o seu percurso fala por si: inicialmente como atleta dos escalões jovens, apanha-bolas, jogador profissional da primeira equipa, a saída para o estrangeiro, entre lágrimas, o regresso sentimental do filho pródigo e, mais tarde, o pendurar das botas e a missão de fato e gravata. A mística é isto.

1. Exemplo de Estugarda (1988)

E quanto à realidade presente? Que dizer dos jogadores que constituem o plantel às ordens de Quique Flores? Já lá iremos. Por agora, façamos uma viagem, no passado. Em 25 de Maio de 1988, o Benfica atingiu a final da então denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus, marcada pelo dramatismo do penalty falhado por Veloso, na altura capitão encarnado. A escolha deste facto tem uma explicação lógica: como não vivi a glória da década de 60 e era muito novo aquando da final da Taça Uefa, frente ao Anderlecht, a caminhada europeia desse ano marcou a minha forma de olhar para o Benfica. Tinha 13 anos e, apesar da tristeza associada à derrota, pude constantar que compromisso, identidade e lealdade não eram palavras vãs. No fundo, a imagem que guardo desses tempos é só uma: mística.

A equipa alinhou da seguinte forma: Silvino, Veloso, Dito, Mozer e Álvaro; Chiquinho, Elzo, Shéu e Pacheco; Mats Magnusson e Rui Águas.

Para não variar, apresento mais um exercício que consiste em identificar, para cada jogador presente na final de 1988, quantas épocas consecutivas levavam de águia ao peito. Exemplo: à data, o guarda-redes Silvino cumpria o segundo ano consecutivo ao serviço do Benfica. No fim, o valor total resume a soma das épocas de todos os jogadores.

Silvino (2.ª época)
Veloso (8.ª)
Dito (2.ª)
Mozer (1.ª)
Álvaro (7.ª)
Chiquinho (2.ª)
Elzo (1.ª)
Shéu (16.ª)
Pacheco (1.ª)
Mats Magnusson (1.ª)
Rui Águas (3.ª)

Total = 44 épocas

Podem os jogadores estrangeiros compreender a mística?

A resposta à questão é afirmativa. No entanto, ressalve-se que essa assimilação depende de vários factores: por um lado, a própria personalidade do jogador influencia a absorção de ensinamentos ligados à identidade do clube; por outro lado, a estrutura do departamento de futebol tem enorme responsabilidade em assegurar a transmissão de informação histórica e os colegas de equipa com mais anos de casa devem assumir-se como veículos condutores da velha mística. No caso concreto da equipa titular na final de Estugarda, o brasileiro Mozer e o sueco Magnusson apresentam episódios curiosos. Proponho a leitura dos links disponíveis, comprovando a certeza da resposta dada.

2. Exemplo de Viena (1990)

Dois anos mais tarde, a 23 de Maio de 1990, o Benfica volta a viver a emoção de disputar uma final europeia, desta feita contra o fantástico AC Milan de Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco Van Basten. Lamentavelmente, o resultado (derrota por 1-0) voltou a ser desfavorável à equipa portuguesa. Todavia, a campanha desse ano ficou positivamente marcada pela meia-final diante do Marselha. Ainda hoje, passados quase vinte anos passados, todos se recordam da mão de Vata, num Estádio da Luz a fervilhar de emoção. Um vulcão de mística.

A equipa alinhou da seguinte forma: Silvino, José Carlos, Aldair, Ricardo Gomes e Samuel; Hernâni, Vítor Paneira, Jonas Thern, Valdo e Pacheco; Mats Magnusson.

Silvino (4.ª época)
José Carlos (1.ª)
Aldair (1.ª)
Ricardo Gomes (2.ª)
Samuel (7.ª)
Hernâni (2.ª)
Vítor Paneira (2.ª)
Jonas Thern (1.ª)
Valdo (3.ª)
Pacheco (3.ª)
Mats Magnusson (3.ª)

Total = 29 épocas

A mística enquanto factor X

O que realmente importa e pretendo provar é que a mística daquele tempo não encontra paralelo na conjuntura actual, muito por culpa das constantes entradas e saídas a que os plantéis são sujeitos. Tornou-se prática afirmar: não basta ter jogadores de qualidade para ter uma boa equipa. Eu iria mais longe: uma boa equipa pode basear-se num conjunto de jogadores acima da média, mas sem esquecer todos aqueles que amam a camisola que envergam. E, na minha opinião, quanto mais anos um jogador estiver no clube, mais facilmente compreenderá o verdadeiro significado do que a mística representa. Na maioria das vezes, acaba por representar a diferença ténue entre o êxito e o fracasso. O tal factor X. Embora, nos dias de hoje, seja comum falar-se em atitude.

Cenário presente

De regresso ao momento actual, procurei seleccionar um onze tipo ideal e, tal como feito anteriormente, desenvolver o mesmo tipo de exercício com os parâmetros previamente definidos.

Moreira (9.ª época)
Maxi Pereira (2.ª)
Luisão (6.ª)
Miguel Vítor (1.ª)
David Luiz (3.ª)
Ruben Amorim (1.ª)
Katsouranis (3.ª)
Hassan Yebda (1.ª)
José Antonio Reyes (1.ª)
Pablo Aimar (1.ª)
David Suazo (1.ª)

Total = 29 épocas

Comparativamente com a saudosa equipa da final de Viena, resulta interessante verificar a igualdade no número total de épocas. A diferença está no seguinte: no onze titular da década anterior destaca-se uma maior homogeneidade entre os seus elementos e preponderância de jogadores portugueses; no plantel actual seis jogadores cumprem a sua primeira época e só Moreira e Luisão perfazem, em conjunto, quinze temporadas ao serviço do clube.

Termino com um desafio: e para si, caro leitor, o que é a mística?

12 comentários:

Nuno@ disse...

Excelente artigo, tocando no essencial do problema que emperra o nosso glorioso, perdeu-se a mística e falta mudar a mentalidade para reconstruir-la. É estranho ver o Nuno Gomes, que eu admiro, ser o único que transporta essa mística. Espero que os Miguel Vitor, David Simão, Leandro Pimenta e outros sejam a semente que florescerá no clube, novamente.

Dário Pinto disse...

Excelente reflexão, como Benfiquista, é algo que me deixa triste, mas também acredito que só com o tempo é que podemos reconstruir essa identidade, queirámos ou não, um jogador precisa de anos de Benfica para perceber o clube, para perceber o peso daquela camisola, mas não encontrar nisso uma desculpa, mas sim um orgulho. Preciso de entender a magnitude de uma religião que ultrapassa fronteiras e que move multidões, acima de tudo tem que perceber que o Benfica não é só um clube, é um caso especial.

Neste momento, no plantel, talvez só Nuno Gomes o demonstra, mas há que realçar Moreira, Luisão e Katsouranis.


Um abraço,
Dário Pinto

Catenaccio disse...

Como podem ter verificado, a crónica sofreu alterações, pois acabei por adicionar mais informação daquela prevista inicialmente.

Agradeço os comentários, até agora, mas podem acrescentar novos pontos de vista em face do que foi escrito posteriormente.

Cumprimentos.

Paulo Santos disse...

Excelente. Sem dúvida que subscrevo esta tua perspectiva. A questão da nacionalidade não. Não acredito que tenha assim tanta importância, tal como os excelentes exemplos que destacas ilustram. Agora a questão dos "anos de casa", sim , sem dúvida. Não sei é se, na actual conjuntura, o clube poderá alguam vez repetir os números que referes. Pelo menos, acabar com os "anos 0" todas as épocas, já seria um passo.


Abraço

J G disse...

Excelente artigo!
Dá que pensar.
Mas cada vez acredito mais na lógica do A mística somos nós.

Ricardo Campos disse...

a mistica já não existe em nenhum clube...
agora o que conta são os euros.

Anónimo disse...

Ctennacio:

"Identidade com as raízes do clube, conhecendo a sua história e respeitando os seus protagonistas."

"...acima de tudo tem que perceber que o Benfica não é só um clube, é um caso especial."

(A 2ªcitação é do Dário Pinto)

Vou até mais pela questão de o Benfica ser um caso especial.

Acrescento que tem que passar para a equipa principal jogadores e portugueses que venham das camadas jovens e esses jogadores tem que ficar no clube 10 ou 15 épocas.
E não pode ser só um ou dois mais 7 ou 8 na equipa nestas condições.

Basta actualmente ver o Miguel Vítor a jogar para se ter um "cheiro" do que era a mística nos anos 80.

LF disse...

Os meus parabéns pela extraordinária qualidade do artigo.

Fiz há algum tempo um exercício semelhante ao teu, mas considerando a equipa de 82-83, em que a média de permanência de cada jogador era impressionante (vários até com mais de 10 anos de clube, como Humberto, Nené, Chalana, Bento etc). Isto hoje é impossível. O mercado não permite que os melhores jogadores permaneçam muito tempo em países periféricos como Portugal.

As equipas de 1988 e 1990 já não tinham esse registo, mas recordo que ainda estavam no plantel Chalana, Bento, Álvaro, Shéu, Diamantino, que toda a estrutura técnica e directiva tinha muitos anos de clube, e que os estrangeiros contratados eram de primeiríssima linha (Valdo, por exemplo, era na altura considerado dos melhores jogadores do mundo).
Hoje em dia também não é possível ao futebol português contratar jogadores desse nível, não em fim de carreira, mas no auge, como foram os casos de Mozer, Ricardo, Valdo, Thern ou Magnusson.

Olhando para o FC Porto vemos ainda algum arremedo dessa tal mística. Mas isso acontece apenas porque tem vencido campeonatos (o que depois permite alimentar a máquina interna).
Se o Benfica for campeão três vezes seguidas, o grau de integração, de familiaridade, de coesão entre os jogadores subiria em flecha, a confiança dos adeptos na equipa também, a estabilidade técnica e directiva, etc etc etc.

A questão da mística hoje em dia resume-se portanto a vitórias. Ou seja:
bons profissionais=vitórias=títulos=alegrias em conjunto=coesão=mística=mais vitórias etc etc

O tempo do amor à camisola é passado, e não creio que volte tão depressa.

Um abraço
LF

Catenaccio disse...

Desde já, muito obrigado por todos os comentários.

A verdade é que este assunto tem muito que se lhe diga e poderia ser um belo tema de conversa.

Muitas das opiniões aqui enunciadas abrem espaço à reflexão e seria, até, interessante prespectivar um futuro recheado de mística, a fazer lembrar os anos 60 ou 80.

Contudo, esses tempos dificilmente serão repetidos.
Há quem diga que a mística são os euros e o amor à camisola desapareceu.
Há, também, quem prefira destacar a vertente económica, ao afirmar que é impossível o Benfica manter um jogador de qualidade durante 4, 5, 6 ou mais anos. A Lei Bosman só veio reforçar a capacidade financeira dos grandes clubes europeus e sabemos que, mais tarde ou mais cedo, os bons valores arrumam as malas.

Ainda assim, acredito que seja possível retirar ensinamentos do passado e tentar copiar a fórmula que tanto sucesso deu. Se não é possível manter um jogador blindado durante 6 ou 8 anos, então que se formem valores nas escolas de formação, aposte-se nessas estrelas emergentes e procedam a uma renovação sustentada e devidamente planificada. Dou um exemplo: não é tão grave perder um determinado jogador, já tarimbado e familiarizado com a mística, quando um jovem encontra-se lançado na primeira equipa e já leva um ou dois anos na alta competição. Essa rotação e estabilidade são essenciais para a construção da mística, o que não invalida a saída, pontual, de um ou outro elemento.

Façam o favor de continuar. A discussão continua em aberto...

Ricardo disse...

Gosto quase sempre do que escreves mas destaco este artigo como um dos melhores. Está lá tudo.

Para mim, a mística não desapareceu e só desaparecerá se a sucessão de erros decisórios forem tantos que a ausência de identificação dos adeptos com o clube seja inevitável. Temos exemplos, ao longo dos últimos 15 anos, de péssimas decisões e, mesmo assim, o benfiquismo mantém-se de uma forma intensa e cada vez mais renovada.

Em termos práticos, sou defensor de um número significativo de portugueses. Não por qualquer tipo de nacionalismo bacoco, mas por uma questão de identificação - com o Benfica e com o futebol português. Para um estrangeiro, chegar a Portugal é um processo complexo: além do campeonato não ser dos mais apelativos, a própria idiossincrasia e especificidade deste campeonato, leva a que muitos bons valores estrangeiros que por cá passam nunca consigam potenciar ao máximo as suas qualidades, por inadaptação, falta de entendimento do que é o futebol português, desmotivação, etc.
No Benfica, defendo três vectores para a equipa principal de futebol (e também das modalidades):

- 5 ou 6 jovens da formação no plantel (2 ou 3 já com 2 ou mais épocas na equipa principal e, todos os anos, a entrada de mais 2 ou 3 [os melhores da época transacta nos júniores e que correspondam à necessidade do plantel])
- 7 ou 8 jogadores portugueses que sejam integrados por serem os melhores que se apresentam no campeonato nacional - procurar aqui a qualidade (e ela existe), é mais fácil pela tal identificação com a realidade portuguesa, além de serem jogadores que, por serem portugueses e terem jogado contra o Benfica, conhecem a fundo a grandeza do clube.
- 8, 9, 10 estrangeiros de qualidade - jogadores de excepção, não atletas banais, que emprestem qualidade e experiência aos que aqui estão. Os estrangeiros devem ser integrados na equipa por quem conhece os cantos à casa e não o contrário. Com o tempo, e tendo capacidade para os manter por cá, tornam-se também eles portadores da mística.

Este cenário é só uma ideia. Claro que os números podem ser alterados mas o conceito, para mim, deve passar por aqui. Se isso fosse conseguido, a perda de 1 ou 2 jogadores influentes por época não se tornaria prejudicial à equipa pelo simples facto de que estaria sempre gente nova a aparecer e a "criar mística". E isso tem faltado ao Benfica: gente que crie e preserve e transporte a mística para os campos, para os adeptos e, finalmente, seja causa e consequência dos títulos que nos têm, infelizmente, fugido.

Abraço, Ricardo!

Catenaccio disse...

Muito obrigado, Ricardo. O teu comentário também diz tudo. E, muito bem dito. É essa a perspectiva que tenho vindo a defender e que gostaria de ver "acarinhada" por quem dirige o clube.

Só para situar algumas ideias, essencialmente sobre a formação, relembro o atrigo seguinte: política desportiva

Grupo 2 disse...

Se no Porto, o que faz aqueles jogadores comerem a relva, é o espírito (ameaçador)dos adeptos que acabam por inibir os próprios jogadores e o elevado grau de exigência daquela direcção.

No Benfica, durante muitos anos era a paixão dos adeptos que por sua vez contagiavam os jogadores, que fazia o clube ser uma autentica maquina de futebol, e um orgulho do país.

Infelizmente, certas pessoas tomaram o poder administrativo do clube e tudo ficou diferente: Contentores de jogadores todos os anos, vindos do estrangeiro.

Chegámos ao ponto de ter que colocar o Fernando Meira como capitão logo no seu primeiro jogo ao serviço do Benfica... impensável no tempo de Veloso ou do eterno capitão, M Wilson.

Tenho apenas 15 anos, e portanto lembro-me muito pouco dos anos gloriosos do Benfica, mesmo nada. Lembro-me da altura em que a equipa era levada às costas pelo João Pinto e pouco mais... como gostava de ter vivido anos 60/70/80

A mísitica, no artigo muito bem defendia (sé é que tem definição),não se injecta... acumula-se... O Rui Costa, que sabe bem o que é mística do Benfica, está num bom caminho para recuperar a tal "magia" do Benfica:

Renovação com Nuno Gomes e Luisão são prova disso.

Aposta em Miguel Victor e assinatura de contracto com outros jovens da "cantera" como o David Simão (no qual tenho muitas esperanças.

Vamos manter o Quique até ao fim, parece ter uma ideia a longo prazo para este Benfica.

Vamos voltar a ser campeões (não digo este ano), vamos voltar a ter a mística gloriosa, em Portugal e na Europa...