quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jorge Jesus, vamos lá conversar...

Football Fans Know Better

Ao décimo quinto dia do mês de Julho, ainda sem os mundialistas Maxi Pereira, Luisão, Fábio Coentrão, Ramires e Óscar Cardozo, a imagem bem que podia representar o onze-base titular. Em relação à época anterior, registaram-se poucas alterações no plantel. Saídas: a não renovação com o guarda-redes Quim, que seguiu para Braga e a venda de Di María, num negócio avaliado em 25 + 5 + 6 milhões de euros, consoante o cumprimento de algumas contrapartidas. Entradas: o portero Roberto por 8.500.000,00 €, o médio fantasista Nicolás Gaitán numa operação avaliada em 8.400.000,00 €, o delantero Franco Jara por 5.500.000,00 €; e, por fim, o defesa, ex-Rio Ave, Fábio Faria. No total, em contratações para a temporada que se avizinha, a SAD encarnada já gastou cerca de 23,4 milhões de euros. Este é o ponto da situação actual.

A construção de um plantel envolve muitos 'ses' mas, para já, não me vou deter sobre demasiados pormenores: importa-me analisar, apenas, o equilíbrio existente nas diversas posições.

Guarda-redes
Na baliza, a hierarquia está encontrada: o espanhol Roberto, até pelo avultada soma dispendida na contratação, é o n.º 1 encarnado. Na 'sombra', o brasileiro Júlio César é o principal concorrente e Moreira uma espécie de veículo transmissor da mística. Finalmente, o jovem Jan Oblak poderá seguir para os juniores, de forma a continuar o processo de aprendizagem. No futuro, pelas qualidades que apresenta, poderá, quem sabe, lutar pela titularidade.

Defesa
Confirmando a velha máxima de dois jogadores por posição, o sector recuado encontra-se devidamente estabilizado. Ora vejamos: (i) à esquerda, César Peixoto e Fábio Coentrão; (ii) ao centro, Luisão, David Luiz, Sidnei e Fábio Faria; e, (iii) à direita, Maxi Pereira e... Ruben Amorim. No entanto, dois apontamentos merecem ser postos à discussão. Em primeiro lugar, sabendo que a época é longa e desgastante, Jorge Jesus devia considerar a hipótese de contar com cinco centrais. Nesse caso, Roderick seria, a meu ver, uma escolha válida. Em segundo lugar, Ruben Amorim é o suplente natural de Maxi Pereira, ou vice-versa, pois não creio que Luís Filipe represente solução primordial na circunstância de lesão/castigo do uruguaio. Até Airton já jogou a defesa direito, contra o Sion. Logo, estou convencido que o clube está a dar minutos a Luís Filipe para que o jogador se 'mostre' a potenciais interessados no seu concurso. Acreditem, esta prática é muito utilizada. Leiam o livro da Cecília Carmo, "A solidão de um treinador". Está lá tudo explicadinho.

Meio-campo
Ao respeitar o raciocínio anterior, de dois jogadores por posição, vislumbram-se algumas incertezas na zona nevrálgica do terreno. No lugar de pivot (defensivo), não há dúvidas: Javi García e Airton oferecem plenas garantias de solidez táctica. Na direita, surge a primeira interrogação: se o treinador pensa em Ruben Amorim como defesa direito, mesmo reconhecendo a polivalência do sócio n.º 18301, teremos de considerar Felipe Menezes (ou Carlos Martins) como o previsível backup de Ramires. A polivalência não pode ser desculpa para adaptações e menor número de alternativas. Quantidade, de preferência com qualidade, precisa-se. Continuando. No vértice mais avançado, Aimar é o dono indiscutível do lugar mas, em caso de necessidade, Carlos Martins (ou Felipe Menezes) representa uma opção segura. Por fim, na esquerda, ainda que não com as características de Di María, um outro argentino, Nicolás Gaitán, parece reunir a preferência de Jorge Jesus. Espaço, agora, para algumas reflexões. Em primeiro lugar, não me parece que Felipe Menezes tenha atingido um patamar competitivo que cumpra com os níveis de exigência europeus. Na minha opinião, seria benéfico, para o jogador e para o clube, optar pelo empréstimo (o Guimarães não procura um n.º10?) e os responsáveis encarnados deviam considerar a contratação de um médio ofensivo de créditos firmados. Em segundo lugar, causa-me algum espanto a cedência do jovem Urreta, na medida em que poderia vir a ser muito útil em diversas partidas da Liga Sagres, Taça da Liga e Taça de Portugal. Assim, justifica-se o investimento em mais um médio-ala esquerdo, com talento para os duelos individuais e destreza nos cruzamentos junto à linha de fundo.

Ataque
No caso de Óscar Cardozo, melhor marcador da equipa em 2009/10, manter-se de águia ao peito, a pole position ofensiva encontra-se definida: Javier Saviola e 'Tacuara' apontam-se como os normais titulares. No banco de suplentes, o argentino Franco Jara e o brasileiro Alan Kardec são os óbvios substitutos, respectivamente. Para ocasiões extremas, entendidos enquanto 'armas secretas' para situações urgentes, Weldon e o capitão Nuno Gomes completam o lote de disponíveis. A única dúvida reside na quantidade de recursos atacantes. Deve o Benfica contratar algum ponta-de-lança, caso o paraguaio siga outro rumo na carreira? Deve Jorge Jesus contar com seis avançados no plantel ou, em alternativa, cortar um elemento para ter mais matéria-prima na posição de defesa central? Questões para serem respondidas até ao final de Agosto.

Não querendo aprofundar, para já, a maioria das escolhas tomadas em matéria de política desportiva, ligadas ao binómio foro técnico/vertente financeira, sentia-me quase na obrigação de aclarar as ideias e promover um ponto da situação quanto à constituição do plantel para 2010/11. Daqui por mês e meio, já com o 'retrato' completo, voltarei a este tópico para uma abordagem final mais pormenorizada.

5 comentários:

sempresente disse...

Quantos portugueses no plantel?
7 ???
E a politica dos ex-juniores??? Que vergonha!!!
Qual será a motivação de um jogador junior sabendo que depois vai jogar numa segunda liga e nunca vai ter oportunidade de jogar na equipa principal???!!!

Catenaccio disse...

Certo. Óptimas questões que mereciam ser colocadas a quem dirige o clube, porque aqui só têm utilidade para debate e reflexão.

lj disse...

Nao vejo em que possa um jovem GR beneficiar por rodar nos juniores (em contraposto a ficar como terceiro GR no plantel principal). Os juniores do Benfica sao neste momento a antecamara de uma sucessao de emprestimos e dispensa, nao uma preparacao para a primeira equipa. Alem disso, no que respeita aposicao de GR, que beneficio tirara um jogador nessa posicao por participar num campeonato caracterizado por jogos desiquilibrados (e pouquissimo trabalho para um GR do Benfica) durante a maior fase da epoca?
Em relacao ao meio campo, e dada alguma falta de numeros para certas posicoes, julgo que Balboa poderia ser util no plantel, podendo tentar recuperar-se algo do investimento feito.
Cumprimentos


www.thebutterflyislate.blogspot.com

Catenaccio disse...

MS,

Concordo com a questão do guarda-redes. Porventura, seria mais proveito que Jan Oblak rodasse num clube da 'Vitalis' (agora tem outro nome, certo?), onde fosse mais posto à prova.

Atenção, apenas, ao seguinte: este post não pretende demonstrar a opinião pessoal do autor, antes procura retratar qual será o figurino final do plantel encarnado. Até porque a minha ideia sobre entradas/saídas, incluindo promoção de juniores, levava a um rumo substancialmente diferente...

sempresente disse...

Eu sou contra os empréstimos tanto na Liga Zon Sagres tanto como na Lina Orangina.
Se não houvesse empréstimos tinham que gastar mais dinheiro em contratar jogadores e assim ficariam mais fracos e escusavamos de muitas vezes passar por grandes dificuldades rumo ao título.
No caso dos juniores, subiam mais à equipa principal e outros seriam vendidos e teriamos logo os primeiros frutos desses jogadores e ainda ganhavamos em futuras transferências.
E era escusado termos mais de 50 jogadores...e pagar percentagem destes ordenados.