Agora, oportunidade para um exercício de memória interessante: comparar a actual equipa com aquela que conquistou o título nacional em 2004/05. Para além das naturais diferenças na estrutura de futebol, equipa técnica incluída, importa distinguir certas particularidades em termos de plantel:
- Época 2004/05
Dezassete jogadores portugueses (50% do plantel)
Nove nacionalidades distintas
Numa equipa liderada pela "raposa" Trapattoni, espremida ao máximo, o onze normalmente titular contemplava oito atletas portugueses: Quim, Miguel, Ricardo Rocha, Petit, Manuel Fernandes, Nuno Assis, Simão e Nuno Gomes.
- Época 2008/09
Oito jogadores portugueses (29,6% do plantel)
Treze nacionalidades diferentes
Numa equipa comandada por Quique Flores, o onze que costuma entrar em campo raramente contempla mais do que quatro portugueses e, para a maioria, trata-se do primeiro ano a jogar na Luz.
Se pretendesse ser mais pormenorizado, poderia acrescentar mais dados à discussão. Todavia, bastam algumas linhas para provar o que pretendo.
Na temporada 2004/05 a equipa ostentava a conquista da Taça de Portugal, na época imediatamente anterior, com um núcleo duro de jogadores que vinham a ser moldados há dois ou três anos. Tratava-se de um plantel em fase de maturação competitiva que, sem cativar em termos exibicionais, mostrava-se no ponto crítico de estabilidade para finalmente vencer a principal competição nacional. Apesar das críticas, era uma equipa segura e talhada para vencer. Na altura, Simão assumia um protagonismo e brilhantismo imcomparável com os dias de hoje.
Na presente temporada, numa equipa praticamente renovada de alto a baixo, poucos podem orgulhar-se de terem sido campeões de águia ao peito. Não existe dinâmica de vitória porque, pura e simplesmente, estes jogadores não têm o hábito de vencer. Trata-se, assim, de um plantel em fase quase embrionária, a necessitar de crescimento rápido, com bons valores individuais, mas que denota imensas dificuldades colectivas em perceber a pressão dos adeptos e lidar com o "ruído" que sempre aparece do exterior. Essencialmente, para muitos deles, falta personalidade que encaixe na grandiosidade do clube, notando-se claramente a carência de mística.
Bem, chegados a este ponto, importa colocar uma questão. Deverá Rui Costa, em conjunto com a Direcção da SAD, optar pela destituição do treinador espanhol, proceder a novas entradas e saídas no mercado de Inverno e, inclusive, efectuar a milionésima revolução do futebol encarnado? Sem hesitações, respondo: Não! De todo! Mesmo que, logo à noite, António-Pedro Vasconcelos diga o contrário.