quinta-feira, 12 de junho de 2008

[Euro'2008] Grupo A: Portugal 3-1 Rep. Checa

Golo madrugador

Fiel à máxima de que em equipa que ganha não se mexe, Luiz Felipe Scolari apresentou os mesmos 11 titulares que iniciaram a partida frente aos turcos, enquanto Karel Brückner preferiu a velocidade e mobilidade de Milan Baroš aos 2,02 metros de altura de Jan Koller. Portugal começou bem o encontro e chegou ao golo logo aos oito minutos. Cristiano Ronaldo arrancou na direcção da baliza, combinou com Nuno Gomes, e recebeu a bola já dentro da área, mas esta sobrou para Deco que, depois de alguma confusão e defesas de Petr Čech, conseguiu mesmo introduzir o esférico no fundo das redes.


Ronaldo decisivo
Com Deco em excelente plano no meio-campo, Ronaldo bateu finalmente o guardião checo logo a seguir, num pontapé rasteiro já dentro da área após assistência do camisola 20. Vlcek e o gigante Koller entraram em campo na tentativa de inverter o maior ascende português, enquanto João Moutinho cedeu o lugar logo depois a Fernando Meira, conferindo maior poderio aéreo no meio-campo e área lusitana. Na parte final de pressão checa, já com Václav Sverkoš, autor do golo da vitória na primeira ronda, Ricardo desviou para canto um remate de cabeça de Sionko no lance mais perigoso, mas em contra-ataque Ronaldo surgiu sozinho perante Cech e não foi egoísta, oferecendo a Ricardo Quaresma o terceiro nos descontos.


Pontuação (de 1 a 10 ) e análise Catenaccio:

Ricardo (6)
Teve uma defesa fabulosa, quando o marcador ainda apresentava a margem mínima. Entre os postes, não houve mais oportunidades para brilhar, mas nos cruzamento continua a demonstrar enorme instabilidade de decisão.
Bosingwa (7)
O maior reparo que se lhe pode apontar é o de não ter sido o Bosingwa à la FC Porto, ou seja, aventureiro a percorrer o corredor dreito e incansável na recuperação do seu posto. Conseguiu, a espaços, atingir esse nível e, sem ter estado fantástico, não cometeu erros dignos de registo.
Pepe (7,5)
Milan Baros deu-lhe bastante trabalho, a exigir atenção redobrada. Contudo, Pepe esteve bem na marcação, muito rápido e decidido nos duelos individuais. Não deixou de ser visível alguma tremideira, mas amplamente compensada pelo bom uso dos seus atributos de cabeceamento e impulsão. Na hora da verdade, lá estava o central luso-brasileiro a limpar a sua zona de jurisdição.
Ricardo Carvalho (7)
Parece-me que a velocidade de reacção não é a mesma de outros anos. Foi notória alguma precipitação na abordagem de certos lances, a juntar a algumas faltas escusadas. As razões talvez se prendam com o facto do entendimento com o colega de sector ainda não ser perfeito. Porém, na parte final do jogo elevou o patamar exibicional ao comandar o posicionamento do sector defensivo.
Paulo Ferreira (7)
O extremo Sionko causou-lhe alguns problemas e o lateral do Chelsea teve que fazer uso das suas qualidades: concentração competitiva e rigor táctico. Curiosamente, na primeira parte, até procurou passar a linha de meio-campo, combinando com o homem que caía nesse flanco. Sem deslumbrar, é daqueles que não sabe jogar mal.
Petit (7,5)
Pisou cada cantinho de terreno, sempre solícito a pressionar o homem que conduzia a bola. É certo que os seus cortes oportunos não merecem o flash das câmeras fotográficas. Tampouco as suas correrias constantes fazem por aparecer nos resumos. No entanto, este é o Petit dos velhos tempos.
João Moutinho (7)
Não esteve tão exuberante como frente à Turquia, pois viu-se amiúde emparedado entre o muro checo. A sua tarefa nas transições era hercúlea, mas a combatividade do capitão leonino aliou-se ao enorme saber táctico que deposita em cada intervenção.
Deco (9) (melhor em campo)
No meu entender, foi o melhor em campo. Não tem o mediatismo de Cristiano Ronaldo, mas tem a inteligência dos grandes estrategas. Para além de participação directa nos lances capitais, manteve, durante os noventa minutos, alto rendimento. Agora que foi tornada pública a sua ida para Stamford Bridge, os adeptos ingleses vão conhecer o verdadeiro significado da trilogia recepção, passe e desmarcação.
Simão (7)
Assim de repente, lembro-me de um remate à figura do guarda-redes do Chelsea. Não teve rasgos individuais dignos de realce, mas tem sido dos que mais luta para o interesse do grupo. Tanto aparece no espaço vazio, como extremo, como recua para ajudar o lateral do seu lado. Tem mostrado ser, sem dúvida, um elemento fundamental para o equilíbrio colectivo.
Cristiano Ronaldo (8,5)
Demasiado individualista, ao longo da partida, não realizou uma exibição ao nível daquelas que já o vimos fazer pelo Manchester United, mas esteve no melhor de Portugal: envolvido na triângulação de que resulta o golo de Deco; na obtenção do segundo, a passe do luso-brasileiro; e na assistência para o terceiro, a cargo de Quaresma.
Nuno Gomes (6,5)
A defesa checa não lhe deu muito espaço e revelou-se menos participativo do que frente à Turquia. De qualquer modo, no lance do primeiro golo foi, uma vez mais, decisivo na movimentação e inteligente no passe. Registe-se uma acção individual, na única hipótese que teve para desfeitear Petr Cech.
Fernando Meira (7)
Jogou, apenas, 15 minutos. Todavia, foi de uma utilidade extrema, quer na marcação ao gigante checo Jan Koller, quer no auxílio ao eixo central. Actuação bem positiva.
Hugo Almeida (5)
Percebeu-se a sua entrada como forma de Portugal ganhar centímetros nos lances aéreos. Procurou ser a referência atacante, mas praticamente não dispôs de oportunidade para tocar na bola.
Ricardo Quaresma (6)
Não teve tempo para abrilhantar Genève com as trivelas habituais, mas conseguiu ganhar segundos com a tão preciosa retenção de bola. Tal como Raul Meireles, na partida inaugural, teve a felicidade de entrar e fechar a contagem.

Sem comentários: