quarta-feira, 25 de junho de 2008

A montanha russa

Quando o árbitro apita para o início do jogo, o comboio russo arranca de forma lenta. Em frente ao painel de instrumentos, Guus Hiddink é uma figura habituada a conduzir qualquer máquina futebolística. Os primeiros minutos são feitos em velocidade de cruzeiro, como que escondendo o que vem a seguir. Entretanto, assim que a bola chega a Semak vislumbra-se a primeira curva mais pronunciada. Sem perder aderência, surge uma recta a perder de vista. É quando a velocidade aumenta e Zhirkov arranca pelo lado esquerdo. Neste momento, a máquina acelera e trava consecutivamente, fazendo com que os ocupantes sintam um nó no estômago. O comboio balança, à medida que a bola passa pelos pés de Semak, Zyryanov, Semshov e Saenko. Sente-se que a verdadeira viagem vai agora começar. Quase numa fracção de segundos, Arshavin recebe a bola, roda o corpo e desata a correr, em ziguezague, ultrapassando adversários em série. Os amantes de emoções fortes não ficam defraudados. Nada como um looping ao virar da esquina, quando menos se espera. Mas, não há tempo para respirar. Depois de mais uma descida vertiginosa, Pavlyuchenko movimenta-se freneticamente e o comboio inclina-se perigosamente. O ritmo é estonteante e todos os ocupantes sentem as costas coladas ao banco. Quase a terminar a viagem, a bola ainda recua uns metros e, no preciso momento em que Arshavin se desmarca e recebe o passe de um colega, mais um looping surge no horizonte. Finalmente, a máquina abranda e termina o seu caminho. Ao longe, Guus Hiddink espelha um semblante orgulhoso. No calor da aventura, todos os participantes demoram a recompor-se. Mas, todos sem excepção desejam repetir a experiência. Nada que me surpreenda. No parque de diversões do Euro’2008, não há dúvida que a montanha russa é a que desperta mais emoções.

Fonte: Imagem retirada da "Marca" online.

1 comentário:

Paulo Santos disse...

Muito bom o texto e a metáfora. A selecção russa é isso mesmo!

Abraço