sexta-feira, 19 de setembro de 2008

[Uefa Cup 1st Round] Nápoles 3-2 SL Benfica

Era a primeira vez que ia assistir a um jogo do Benfica no meu novo lar e a expectativa de uma boa estreia era elevada. A exibição acabou por não corresponder, apesar do resultado oferecer boas perspectivas para a partida da 2.ª mão, a realizar no dia 2 de Outubro.
Com efeito, a eficácia demonstrada nos lances de bola parada tiveram o condão de disfarçar um desempenho colectivo longe do esperado, nomeadamente no aspecto dedicado à organização defensiva. Houve períodos de algum atrevimento ofensivo, o bom futebol apareceu de quando em vez e conceitos como personalidade e atitude foram imagem de marca da equipa. Todavia, é perceptível que os novos métodos de trabalho e os princípios de jogo associados não estão totalmente assimilados. Nesta fase da época, não é de espantar.
Em termos de sistema, nota-se claramente que o 4x4x2 idealizado por Quique Flores é exigente do ponto de vista físico e táctico, para além de não existir grande tradição em Portugal na adopção de duas linhas de quatro homens. Se Yebda e Carlos Martins (melhor desempenho do primeiro) até têm cumprido na função de colar os sectores, o mesmo já não se poderá dizer quanto ao rendimento demonstrado pelos médios ala. Quanto aos avançados, é de realçar que tanto Cardozo, como Nuno Gomes e, agora, David Suazo (estreia prometedora) têm mostrado acerto na finalização.
Deste modo, o principal desequilíbrio colectivo prende-se com a menor apetência defensiva demonstrada pelos médios ala, essencialmente na agressividade e ocupação de espaços. Pelo que tenho observado, jogadores como Balboa, Di María (quando encostado ao flanco) Reyes e Urreta não têm atingido um nível competitivo correspondente às ambições do Benfica. A principal consequência que daí advém é uma menor fluidez nos tão falados momentos de transição.
Ontem ficou demonstrado, mais uma vez, que o Benfica consegue dominar o adversário por largos minutos, mas raramente mostra capacidade para controlar o jogo. Uma das razões (há outras) corresponde à dificuldade em cumprir um plano posicional e manter critério na posse e circulação de bola. Caso os médios ala não potenciem um sentido mais colectivo, assente no modelo de jogo do treinador espanhol, existe o perigo do 4x4x2 partir-se num 4x2x4 pouco consistente.
Nos confrontos de maior exigência, a solução pode passar pela inclusão de um jogador com outras características, mantendo um dos médios ala com maior preponderância ofensiva. Esse jogador pode ser Ruben Amorim - normalmente colocado à direita - que oferece perspectivas mais sólidas ao futebol encarnado. Em termos gerais, creio que as exibições mais conseguidas - e que mais se aproximam do modelo de jogo de Quique Flores - foram as partidas amigáveis frente ao Feyenoord e Inter de Milão. A realidade transmitida pelos jogos oficiais espelha demora na evolução da qualidade de jogo.
De qualquer maneira, não está subjacente qualquer desconfiança ou crítica quanto à competência do grupo de trabalho e acredito que o caminho escolhido traga vitórias e alegrias aos adeptos. Coloco, apenas, breves reticências na abordagem efectuada a certas partidas de grau de dificuldade superior e não estou totalmente convencido quanto à formulação de "nuances" estratégicas que melhor equilibrem o sentido colectivo da equipa.

5 comentários:

Paulo Santos disse...

Penso que, na minha modesta opinião, Quique foi um pouco romântico na forma como abordou o jogo! O meu "onze" teria Amorim na direita e, naturalmente, Nuno Gomes, nas costas ou ao lado de Suazo. Mas o espanhol acabou por emendar bem...

Outro aspecto, que tem a ver com o jogo e não só: foram precisos dois jogos seguidos para, de uma vez por todas, se perceber que Katsouranis é um médio excelente e apenas um razoável defesa central...ao tempo que tenho esta discussão com amigos meus...

Katsouranis é a par de Aimar (quando este estiver a 100%), o jogador que melhor usa os neurónios dentro do terreno de jogo!!

Se eu fosse treinador e tivesse Katsouranis no meu plantel, independentemente de tudo o resto, o grego era sempre titular no meio campo!!!

PS: Vais à Luz ver a 2ª mão?

Catenaccio disse...

Paulo,

Sempre agradável ver-te visitar este espaço.

Não sou tão defensor do grego, porque este época tem-se mostrado demasiado "desligado" do jogo. Em condições normais, será naturalmente titular, mas Yebda até tem-se revelado dos melhores. Mantenho a opinião: o principal problema tem sido o posicionamento defensivo dos médios ala, partindo o 4x4x2 em 4x2x4. Depois, falhas de concentração e erros individuais na defesa também não ajudam.

Ainda não sei se vou ver o jogo da 2.ª mão, porque estou em formação nessa semana.

Já agora, então e a equipa fantástica que ia maravilhar a CL Fantasy Football?

Abraço.

LF disse...

Benfiquistas:
Temos a obrigação moral de apoiar o nosso clube nesta eliminatória, pelo menos, na mesma medida em que o fizeram os adeptos do adversário.
Ninguém pode faltar ao jogo do ano. Não podemos ficar de fora.
Bilhetes desde 10 euros para sócio e desde 20 para público em geral. O Benfica merece.
Divulgem esta mensagem o mais que possam.

Paulo Santos disse...

Claro, claro. Concordo contigo, contudo não posso deixar de registar que a entrada de Katsouranis foi determinante para equilibrar um meio campo que até à sua entrada esteve sempre em permanente desiquilibrio...

Estive a rever o jogo hoje, liberto da vertente emocional, e preste partiuclar atenção a Katsouranis!


Quanto à minha equipa maravilha, está lá, são apenas 8 míseros pontinhos que me separam do Catenaccio! Excelente jornada para ti :))


Abraço

Catenaccio disse...

De certa forma, o jogo com o Sporting veio-me dar razão. Mas, a dupla Katsouranis/Yebda foi fantástica, sem esquecer os "miúdos" centrais e a magia de Reyes.