Facto: Portugal não foi além do nulo, esta quarta-feira, na recepção à Albânia. A equipa das quinas jogou quase cinquenta minutos em superioridade numérica, mas mesmo assim não conseguiu garantir os três pontos. Com este resultado, a selecção nacional continua em quarto lugar, com os mesmos cinco pontos que Suécia e Albânia, e atrás de Dinamarca e Hungria, que partilham a liderança com sete pontos.
Recordo, com saudade, os tempos do jornal «A Bola», na sua versão XXL. Dos restantes, a minha opinião não é a melhor. Talvez porque a redacção, ou os orgãos responsáveis, lideram um diário desportivo como se fosse uma revista cor-de-rosa. Na blogosfera, até aceito que os textos sejam inoportunos e mais corrosivos. Ao contrário, daqueles que têm carteira profissional espero imparcialidade, isenção e objectividade. Cada vez mais, prefiro ler certos autores de blogues do que muitos artigos escritos na imprensa. A verdade é que a comunicação social tem o enorme poder de influenciar a opinião pública e muitos blogues encarnados foram atrás da "onda", suspirando de alívio pelo facto de Carlos Queirós não ser o actual treinador do Benfica. Caros amigos, depois de Fernando Santos é difícil encontrar pior. Portanto, a imprensa desportiva que continue com os ódiozinhos de estimação, mas eu tenho o discernimento necessário para escolher as minhas próprias "fogueiras".
Se não é fácil educar uma criança, imaginem o esforço que terá de ser feito para educar homens com mais de vinte anos. Onde quero chegar? À questão da liderança. O principal problema reside na falta de comprometimento colectivo, da parte de vários jogadores, manifestando-se numa atitude competitiva aquém das naturais expectativas da nação do futebol. Assim, Carlos Queirós terá de instruir Cristiano Ronaldo para não aborrecer-se com o público, terá de ensinar a Nani quando deve soltar a bola, terá de amestrar Ricardo Quaresma sobre as desvantagens de querer driblar toda a equipa adversária e, de uma vez por todas, explicar que o relvado não é uma passerelle.
Depois de, no passado, Carlos Queirós ter promovido uma revolução de mentalidades, o momento actual apresenta um desafio não menos complicado: descobrir a fórmula em que o todo (equipa), seja mais forte do que a soma das partes (individualidades). Trata-se de uma tarefa que exige o seu tempo de observação e experimentação, logo teremos de dar o benefício da dúvida e esperar que a missão do professor se concretize.
Moral da história: se a geração de ouro soube perder o receio de defrontar adversários de categoria mundial, chegou a altura da nova fornada conseguir ultrapassar os seus próprios defeitos.
5 comentários:
Ricardo,
Na realidade torna-se cada vez mais insuportável o maniqueísmo do pró Scolari versus pró Queiroz, implícito nesta questão.
A imprensa é uma das óbvias culpadas neste absurdo. Contudo, recordo-te que Scolari foi, nos últimos tempos, muito mais "castigado" do que Queiroz está a ser neste momento. Por isso essa coisa dos "fantasmas" é pura ficção e quando muito servirá como mais uma desculpa para esconder a incompetência do actual seleccionador. Se há coisa que Queiroz sempre teve e continuará a ter é "boa imprensa". Claro que também há quem não o grame e agora se ponha em bicos de pés...também me parece óbvio que depois da campanha anti-Scolari, motivada por resultados ou exibições, bem menos penosas que estas a que estamos a assistir, a imprensa (mesmo aquela que entoou loas a Queiroz), agora por uma questão de coerência teria que lançar alguns pauzinhos para a fogueira. Quando falo em imprensa, é em sentido generalista, abarcando duas coisas que é preciso distinguir: imprensa propriamente dita e comentário...
Em termos de comentário, Queiroz continua a ter uma enorme legião de defensores, embora alguns, neste momento tenham produzido prosas algo envergonhadas ou até dúbias...
Quanto à questão que apontas como central, e passo a citar: "... o momento actual apresenta um desafio não menos complicado: descobrir a fórmula em que o todo (equipa), seja mais forte do que a soma das partes (individualidades).", não concordo nada. Essa fórmula estava mais que encontrada e consolidada, Queiroz, por necessidade de afirmação, fez questão de deitar essa fórmula pelo cano, e anunciou, com pompa e discursos bacocos, que iria fazer tudo de forma diferente...pois é, os resultados estão à vista, já ninguém duvida que a forma está a ser diferente, muito diferente, sobretudo em termos dos efeitos que está a ter...
Penso que Queiroz é capaz de ser um profissional empenhado e cheio de brio - penso que ninguém poderá contestar isto com fundamentos - no entanto, como treinador principal de uma grande equipa, ele para mim, já está apresentado há muitos anos...não vou repetir o que penso, pois já o fiz inúmeras vezes no meu blog. Apenas, em síntese, dizer que ele é um dos maiores mitos do futebol português...
Outra coisa que me indigna, é o facto de não aplicares a moral que defendes (e bem) à tua embirração com Fernando Santos...caso não te tenhas apercebido estás a fazer algo muito parecido com aquilo que criticas...
Não leves a mal este último comentário, mas sinto-me na obrigação de, com todo o respeito, te fazer este reparo...´faço-o pela enorme consideração que tenho pelas tuas opiniões.
Abraço
Paulo,
Agradeço o comentário, que li com a maior atenção.
Comecemos por Carlos Queirós.
Longe de mim acreditar que estamos perante um treinador de topo mundial. E, quando me refiro aos melhores, estou a pensar numa lista de 10 ou 15 treinadores.
Agora, também me parece despropositado vir tecer as considerações habituais, como se os argumentos fossem uma roda que gira e não sai do mesmo sítio. E, quais são? A velha conversa da substituição de Paulo Torres por Capucho, na derrota dos 3-6 e a performance no Real de Madrid. Quanto à primeira, um treinador não pode ficar eternamente marcado por um erro táctico, quando o resultado até podia ter tido mesmo desfecho. Relativamente ao segundo argumento, mas quais os treinadores que conseguem ter a estabilidade necessária para treinarem o Real de Madrid? Com dirigentes daqueles, o argumento perde logo toda a força.
Como foi possível ler no meu artigo, não retiro a Carlos Queirós a sua quota-parte de responsabilidade. Porém, ela centra-se num aspecto mais voltado para a área de liderança, porque há por ali muitos jogadores que não deviam vestir a camisola da selecção e que utilizam a camisola das quinas como promoção pessoal.
Segundo assunto: crítica a Fernando Santos.
Já esperava que alguém viesse tocar nesse ponto. Acontece que entre a comunicação social ligada ao fenómeno, a imprensa desportiva escrita («A Bola», «O Record» e «O Jogo») e o autor deste blogue, há uma diferença assinalável: eu não recebo um salário por escrever no Catenaccio. Por outras palavras, eu não tenho carteira profissional, não tenho de seguir um código de ética e deontologia, não tenho de ser isento, imparcial e objectivo. Se tiver vontade, até posso escrever que o Luís Filipe é o melhor lateral direito português.
Podes-me questionar: então mas não achas que devias dar o exemplo e procurar distanciar-te desse tipo de comunicação? Sim, claro.
N fundo, é o que faço. Sabes porquê?
Porque critiquei Fernando Santos mal soube que iria ser o novo treinador do Benfica.
Porque fui coerente desde a primeira hora, quando muitos ainda acreditavam que a primeira época do 'Engenheiro' ia ser sinónimo de sucesso.
Porque utilizei argumentos válidos para explanar o meu ponto de vista, sem estar à espera de mais uma derrota.
Porque quando o Benfica empatou na 1.ª jornada com o Leixões, e a imprensa e os adeptos já "cheiravam" o sangue do homem, escrevi que foi mais vítima do que culpando, em face da saída extemporânea de Manuel Fernandes e Simão.
Quero, ainda, deixar bem claro o seguinte: como já expliquei, não tenho o dever, nem a obrigação de ser isento, imparcial e objectivo. Não tenho a pretensão de educar os leitores, nem de alertar consciências.
Mas, uma das coisas com que mais me preocupo é em não tornar este espaço num blogue meramente "encarnado". É verdade que muitos conhecem a minha cor clubística e sabem que sou sócio do Benfica. Mas, no Catenaccio escreve-se sobre outros temas e procura-se debater outros assuntos. Respira-se futebol. Ou, pelo menos, é esse o meu intuito.
Só para terminar, tomara muita gente seguir as suas próprias convicções e ideias sobre o universo benfiquista, porque muitas vezes fui crítico do meu próprio clube e tentei, na maioria das vezes, ser imparcial e analisar os acontecimentos com a máxima racionalidade.
Abraço grande
Concordo e assino por baixo, mas...
"Carlos Queirós terá de instruir Cristiano Ronaldo para não aborrecer-se com o público, terá de ensinar a Nani quando deve soltar a bola, terá de amestrar Ricardo Quaresma sobre as desvantagens de querer driblar toda a equipa adversária e, de uma vez por todas, explicar que o relvado não é uma passerelle."
Estas não deviam ser as principais preocupações do seleccionador nacional. Devia preocupar-se mais em estudar os adversários e convocar os melhores para representar Portugal. O problema é que os melhores são estas crianças mimadas, que Carlos Queiroz terá que educar, fazendo quase o papel de pai, deixando de lado o de seleccionador/treinador.
Mas é a selecção que temos e disso, Queiroz não tem culpa nenhuma, mas é com ela que terá que chegar à Àfrica do Sul.
http://chutodeletra.blogspot.com/
Concordo com quase tudo, distanciando-me apenas na referência a Fernando Santos, que me pareceu um treinador que fez um bom trabalho no Benfica e foi muito pouco auxiliado quando devia, para além da forma ignóbil e suja como foi despachado. No resto, como disse, assino por baixo.
Aproveito, Ricardo, para te convidar a passares por um blogue que abri com mais dois amigos:
www.ontemvi-tenoestadiodaluz.blogspot.com
Abraço!
foi a imprensa que fez tudo para que fosse o queiroz o seleccionador, e vai ser a imprensa que o vai tirar de la.mas desta vez com a razao que nao tiveram quando o empurraram para o cargo.o problema dele é que quem com ferros mata...
abraço
Enviar um comentário