terça-feira, 18 de novembro de 2008

Leixões SC: os novos "bebés" de Matosinhos

Quem não conhece a história dos "bebés" de Matosinhos? Nos finais dos anos 60, quando o Estádio do Mar era um viveiro de grandes jogadores. Foi um período brilhante aquele em que os "meninos" de Matosinhos, com a sua classe futebolística, atormentaram os mais diversos adversários.

História

O Leixões Sport Club, fundado a 28 de Novembro de 1907, pisa solo firme em Matosinhos, mas espreita a imensidão do mar através dos olhos das suas gentes. Apesar de ser um clube com diversas modalidades, existem três que se destacam: a natação, o voleibol e, claro, o futebol. Como veremos mais adiante, o Leixões possui, no seu panorama futebolístico, alguns êxitos de nomeada, dos quais se destacam uma vitória na Taça de Portugal, frente ao FC Porto, várias presenças na Taça Uefa e uma presença na Taça das Taças, indo até aos quartos-de-final desta mesma competição. Por fim, o clube é conhecido pelo seu grande número de adeptos, intensamente fervorosos e apaixonados.

Painel de espectadores referente à Liga Sagres

Palmarés futebolístico

55 Presenças na Taça de Portugal:
- Vencedor em 1960/61 – Leixões 2-0 FC Porto
- Finalista vencido em 2001/02 – Leixões 0-1 Sporting
22 Presenças na I Liga/I Divisão
6 Presenças na II Liga/Liga de Honra (Campeão em 2006/07)
40 Presenças na II Divisão B (Campeão em 2002/03)
1 Presença na antiga I Liga
3 Presenças na antiga II Liga (Campeão em 1937/38)
6 Presenças no Campeonato de Portugal
1 Presença na Taça das Taças (Quartos-de-final em 1961/62)
3 Presenças na Taça Uefa

Resultados históricos

Defesa

Começemos pela baliza. O guarda-redes Beto tem sido, sem dúvida, um dos baluartes da equipa. A última exibição em Alvalade, frente ao clube que o formou, só vem reforçar uma futura chamada à selecção principal. Do lado direito, o jovem Vasco Fernandes (180cm), presença assídua nos Sub-21, tem comprovado o seu enorme potencial. Ao centro, face à indisponibilidade, por lesão, de Nuno Silva, Joel (187cm) constitui uma dupla tranquila com o seu colega de sector, o brasileiro Elvis (185cm). Por fim, do lado esquerdo, Laranjeiro (184cm), ex-capitão da União de Leiria, garante experiência e solidez ao quarteto mais recuado. O facto dos principais intervenientes disporem de considerável estampa atlética permite a adopção de um bloco médio-baixo, sem perigo do confronto aéreo, contribuindo para uma proveitosa organização defensiva.

Meio-campo

Na sua 9.ª época consecutiva a sentir a brisa de Matosinhos, Bruno China, 26 anos, é um exemplo de fidelidade ao mar. Completamente familiarizado com o ambiente que o rodeia, funciona como esteio do colectivo, dentro e fora do campo. A braçadeira de capitão assenta-lhe bem. Descaído na meia-direita, o novo herói do Leixões dá pelo nome de Roberto Sousa. De origem brasileira, com passagem pelo Celta de Vigo, tem óptima leitura de jogo e qualidade técnica individual digna de registo. Presentemente, é elemento fundamental para os equilíbrios da zona intermediária. Do lado contrário, descaído na meia-esquerda, Hugo Morais tem uma dupla virtude: por um lado, no processo de recuperação, interpreta eficazmente os processos de basculação; por outro lado, quando na posse de bola, reconhece os terrenos que pisa e cruza a preceito.

Ataque

Como treze golos marcados à 8.ª jornda da Liga Sagres, o Leixões nunca deixou de alvejar as redes adversárias. Mesmo após a saída de Jorge Gonçalves, para o Racing de Santander, mantém-se a validade de diferentes opções. Vejamos alguns exemplos mais representativos. Na vitória caseira frente ao Sp. Braga (2-0), alinharam de início Zé Manuel, Roberto e Marques. Na partida do dragão (2-3), José Mota escolheu Diogo Valente, Braga e o mesmo Marques. Para finalizar, no jogo contra o Sporting (0-1), a dupla avançada foi constituída por Diogo Valente e Braga. Em suma, a qualidade dos vários intérpretes, baseada num futebol positivo, resulta numa performance ofensiva elogiada pela imprensa desportiva. Contudo, a evidência dessa vantagem competitiva fundamenta-se numa simbiose (quase perfeita) entre o acerto das contratações e a construção táctica da equipa.

Estrela

De forma natural, aceita-se que em qualquer plantel há sempre quem mais se destaque. No onze titular dos "bebés" de Matosinhos, o expoente máximo tem sotaque brasileiro e chama-se Wesley. Ao contrário do que se possa pensar, não foi por mero esquecimento que deixei o most valuable player para o fim da crónica. Com efeito, aos 28 anos, este médio-avançado não pára de surpreender, sendo, até ao momento, o melhor marcador da equipa com cinco golos. Pena que os milhões do Dubai ou da Arábia Saudita abram a perspectiva do jogador sair em Janeiro. Não será só o Estádio do Mar a perder um dos seus ídolos. É o futebol português que fica mais pobre.

Fontes/Links

Site Oficial

8 comentários:

HugoSilva disse...

Uma excelente análisa á equipa lider do campeonato. José Mota tem provado que é dos melhores treinadores portugueses e penso que já era altura de um dos três grandes apostarem neste excelente técnico.
Esta equipa do leixões tem 2/3 jogadores que encaixavam muito bem numa equipa 'grande', falo de Beto, Roberto Sousa e claramente Wesley.

Continua com o bom trabalho, cumprimentos.

Ricardo disse...

Concordo com a análise.

Quanto ao que o Hugo Silva diz (sobre a possibilidade de José Mota treinar um grande), discordo. Não me parece treinador capaz de evoluir e responder à pressão de treinar um Benfica, Sporting ou Porto mas só se ele lá estivesse é que poderíamos tirar a prova dos nove.

Quanto aos jogadores interessantes, acrescentaria China e Braga.

Catenaccio disse...

Não esqueçam estes dois jogadores:

Vasco Fernandes, 22 anos
180 cm
72 kg
Presença habitual, nas selecções jovens, apresenta margem de progressão interessante. Ágil, resistente e com boa capacidade atlética.

Chumbinho, 22 anos
174 cm
69 kg
Este médio criativo não foi mencionado, pois só agora a sua inscrição ficou regularizada. Pelas indicações que disponho, temos craque!

Para terminar, uma questão a todos os leitores: no vosso entender, qual é o ponto mais fraco da equipa de Matosinhos?

Obrigado pelos comentários.

Ricardo disse...

Ricardo,

Tenho acompanhado o Vasco Fernandes com alguma curiosidade. Ainda não consegui chegar a uma conclusão. Por um lado, parece-me um atleta, do ponto de vista físico, muito interessante, com recursos fortes para subir bem e voltar várias vezes ao longo do jogo sem que se notem sinais de fadiga. Tecnicamente, é razoável mas cumpre. Parece-me, no entanto, que a sua maior falha é na decisão. Geralmente quando sobe procura muito a linha de fundo e parece estar algo fixado nesse propósito, sem notar que muitas vezes tem melhores soluções nos espaços interiores. A ver e rever.

Quanto ao Chumbinho, estou muito curioso. Quero ver o que vale afinal esse jogador, que tão boas referências tem.

Para mim, a zona central quando joga Joel não é totalmente segura e a faixa esquerda tem deficiências. Desde os espaços entre Laranjeiro e o central (que têm sido várias vezes utilizados para criar perigo aos de Matosinhos) e a zona mais ofensiva que ainda não estará totalmente resolvida com Diogo Valente. A ideia de Mota passará por Chumbinho em vez deste, parece-me.

HugoSilva disse...

Ricardo, José Mota tem dado algumas provas ao longo da sua carreira como treinador. Levar o Paços de Ferreira a uma classificação europeia penso que não foi por acaso, ainda por cima com um orçamento tão reduzido como o da equipa da capital do móvel.
E na presente epoca ninguém diria que o Leixões iria liderar com mérito a liga.
Também acho que seria mais fácil para José Mota treinar o FCPorto, do que SLBenfica ou Sporting, não digo isto por ser do FCPorto, mas temos de concordar que qualquer treinador que vá para o Porto tem o controlo total, só ele é que manda, a direcção não se mete nas escolhas do treinador. Nisto o FCPorto é o mais evoluído dos três grandes. Espero que os três grandes comecem a apostar em treinadores nacionais porque temos treinadores muito bons. Carvalhal, Peseiro, Carlos Brito, Manuel José são alguns dos treinadores que admiro bastante. Gostava que me disse-se alguns dos treinadores Portuguese que admira.
Vasco Fernandes que agora brilha em Matosinhos, este homem só á pouco tempo que joga na direita da defesa porque é um central de raíz, por causa disso não é muito bom técnicamente, mas sem bola fecha muito bem os espaços e é forte no jogo aéreo.

Respondendo agora á pergunta do Catenaccio. Como já se sabe todas as equipas têm os seus 'calcanhares de Aquiles'. Para mim o Leixões irá sentir mais dificuldade em jogar com equipas do seu 'campeonato' do que contra os grandes. Contra equipa do mesmo nivel o Leixões irá ter q jogar mais aberto, querer mais bola e claro jogar com uma referência na frente já que nos três jogos contra os 'grandes' nunca houve uma referência na frente, so dois homens muito rápidos para as suas transições serem rápidas e eficazes, e dps com Wesley a ser um falso avançado. Uma das dificuldades que José Mota vai enfrentar é a saída de alguns jogadores influentes agora em Janeiro.

Ricardo disse...

Hugo Silva,

"Gostava que me disse-se alguns dos treinadores Portuguese que admira."

Confesso que não tenho assim admirações muito fortes mas gosto do trabalho de Peseiro, Faquirá, Jesualdo (por vezes) e Bento (apesar de ser um pouco teimoso).

Catenaccio disse...

No momento em que estou a escrever, já se conhece o seguinte resultado: Rio Ave 1-2 Leixões (Rogério Matias 44'; Wesley 36', Bruno China 67').

Hugo Silva e Ricardo,

Agradeço o conteúdo do debate.

Em relação aos treinadores portugueses, sou suspeito quanto às minhas preferências. Talvez, demasiado exigente. Divido os técnicos entre José Mourinho e...os outros. Dento desses 'outros', admiro o trabalho táctico de Jorge Jesus, a concepção de modelo de jogo de José Peseiro, o pensamento estratégico de Carlos Carvalhal e reconheço qualidade em Daúto Faquirá, por exemplo. Não sou grande apreciador de Jesualdo Ferreira, Manuel José e/ou Fernando Santos. Todavia, não deixa de ser verdade que todos estes nomes reúnem qualidades e defeitos vários...

Voltemos à sensação da Liga Sagres. Concordo com a análise feita a Vasco Fernandes, assim como a caracterização aos pontos fortes/fracos da equipa de Matosinhos. O 'Mercado' de Inverno pode mesmo ser o calcanhar de Aquiles. No entanto, até ver, que pára o Leixões?

Bom fim-de-semana.

HugoSilva disse...

Catenaccio,

Sim também admiro o trabalho de Jorge Jesus. Mas entre treinadores internacionais, tenho dois que me fascinam bastante, são eles Arsene Wenger e Marcelo Lippi. A forma como a Itália ganhou o mundial foi impressionante, e quando o arsenal era dono e senhor de Inglaterra numa equipa que tinha Seaman, Campbel, Vieira, Pires, ljungberg, Bergkamp e um 'miudo' que impressionava com a bola nos pés Thierry Henry. Fantástico mesmo.

Falando mais uma vez do líder, mais uma vitória deste impressionante Leixões, mas como já disse num comentário anterior o Leixões irá ter dificuldades com equipas do seu campeonato e isso notou-se no jogo de ontem. Sinceramente, eu acho que este Leixões dentro de 4/5 jornadas já não estará no topo, mas tem todas as condições para fazer uma epoca muito boa.

Cumprimentos.