O Benfica sofreu uma pesada derrota no terreno do Olympiacos CFP, por 5-1, na terceira jornada da fase de grupos da Taça Uefa, complicando seriamente as contas do apuramento.
Premonições
Recordam-se quando Eusébio esteve internado devido a 'lesões significativas nas artérias carótidas internas'? Na altura, a intervenção cirúrgica foi melindrosa e não isenta de riscos. Dias antes, eu próprio tive de deslocar-me ao hospital, mas por outros motivos: alojada num dos rins, uma pedra minúscula ofereceu-me a experiência de sentir uma agonia semelhante à dor de parto.
Ora, a que propósito vem esta conversa? Esta semana apanhei uma daquelas viroses malvadas capazes de deitar o Daniel Craig abaixo. Na terça-feira estive cheio de febre, na quarta não fui trabalhar e o nível debilitado do organismo impediu-me de escrever o habitual «dossier» sobre o adversário do Benfica. Coincidência, ou não, deve existir um qualquer canal telepático entre o meu estado de saúde e alguns dos momentos mais infelizes do universo encarnado.
O fantasma de Vigo
Quando no ano passado fiz um périplo pela Galiza, fiz questão de visitar o Estádio Balaídos e tirar umas fotografias. Há fantasmas que devem ser vencidos e quis aproveitar a ocasião para, pessoalmente, resolver o assunto. Ontem, o maroto voltou a assombrar-me. Temi o pior e nem com Benuron passava. Se uma simples derrota pode ser considerada como uma inevitabilidade pontual, uma goleada europeia fere o ânimo e abala o prestígio.
Razões para a derrocada
Após ler, na imprensa desportiva, algumas teorias sobre a tragédia grega continuo a pensar que o grupo – equipa técnica e respectivos jogadores – reúne outras condições para dar uma resposta mais avalizada. Nestas situações, vale a pena sublinhar que vários escribas e comentadores sentem um gozo especial em soltar os seus demónios. É verdade que o resultado só pode ser catalogado de vergonhoso, mas a planificação e construção da época 2008/09 não deve ser colocada em causa. Também me parece de mau tom particularizar a crítica num ou noutro jogador.
No meu entender, diversas circunstâncias levaram à derrocada. Em primeiro lugar, a colocação de Sidnei na posição de central direito foi discutível, pois o defesa brasileiro tem vindo a realizar boas exibições numa zona próxima de Jorge Ribeiro. Em segundo lugar, a opção pela sociedade Bynia e Yebda ofendeu o princípio de jogo ligado à posse e circulação de bola, dificultando a marcação (ritmos) do compasso. Até em face dos indisponíveis, para quando o desvio de Ruben Amorim para o centro do meio-campo? Por fim, a ausência conjunta de Luisão e Katsouranis fez tremer o edifício encarnado. Tratam-se de jogadores internacionais, com experiência e mentalidade competitiva bem acima de grande parte dos restantes companheiros. Sem a 'espinha dorsal' principal, o 'esqueleto' da equipa perdeu a sua solidez e, consequentemente, a defesa transformou-se num 'molusco' facilmente penetrável.
O processo de crescimento
Quique Flores costuma afirmar que necessita de tempo para construir um Benfica forte. Nas suas palavras, a equipa encontra-se num processo (acelerado) de crescimento. Como será nas outras equipas? Atentemos nas seguintes analogias...
Quando penso na presente carreira do FC Porto imagino um daqueles jovens recém-licenciados, acabadinhos de entrar no mercado de trabalho. Depois de duas épocas de grande nível, com o devido acompanhamento do Professor Jesualdo Ferreira, a agressividade do chamado mundo real tem dificultado a vida ao jovem tripeiro. A consistência da formação, fundamentada nos conhecimentos adquiridos, é sintomático da presença de raízes sólidas. Todavia, para lidar com outra dimensão profissional, falta atingir o patamar de emancipação total.
O caso do Sporting é substancialmente distinto. Desde logo porque, ao contrário da personalidade formadora de Jesualdo Ferreira, Paulo Bento impõe-se pelo carácter disciplinador. Os casos que têm vindo a público acabam por comprovar a passagem por uma fase acentuada de rebeldia. Não é difícil adivinhar que o jovem Sporting atravessa o complicado período da adolescência. As partidas frente ao Real de Madrid e Barcelona são paradigmáticas: a obtenção de dois golos pode ser encarada como um sinal de inconsciência típico de quem se acha 'dono do seu nariz', mas os cinco golos encaixados são reveladores de uma certa dose de ingenuidade.
Então, e quanto ao Benfica? Bem, o Benfica é como aqueles miúdos a quem se augura um futuro risonho. Com uma infância feliz, acarinhada por imensos familiares e amigos, este rapazinho é alvo dos maiores elogios, sendo muitos a apontar-lhe elevado potencial. Porém, quando o miúdo vai para a escola primária (leia-se competições europeias), amedronta-se com o ambiente e, sem a companhia de um irmão mais velho (Luisão e/ou Katsouranis) choraminga diante dos mais velhos.
Curiosamente, no entanto, até têm sido os bebés de Matosinhos a registarem mais elogios...
Um sintoma preocupante
Pondo as analogias de parte, finalizemos com algo mais sério. As recentes derrotas da selecção nacional (Brasil 6-2 Portugal), Sporting (2-5 com Barcelona) e Benfica (5-1 com Olympiacos) são resultados que merecem reflexão atenta. Neste sentido, mais do que desconfiar acerca da suposta pontualidade destes desastres, há que pensar seriamente na competitividade do futebol português. Nada acontece por acaso e alguns sintomas são preocupantes.
Premonições
Recordam-se quando Eusébio esteve internado devido a 'lesões significativas nas artérias carótidas internas'? Na altura, a intervenção cirúrgica foi melindrosa e não isenta de riscos. Dias antes, eu próprio tive de deslocar-me ao hospital, mas por outros motivos: alojada num dos rins, uma pedra minúscula ofereceu-me a experiência de sentir uma agonia semelhante à dor de parto.
Ora, a que propósito vem esta conversa? Esta semana apanhei uma daquelas viroses malvadas capazes de deitar o Daniel Craig abaixo. Na terça-feira estive cheio de febre, na quarta não fui trabalhar e o nível debilitado do organismo impediu-me de escrever o habitual «dossier» sobre o adversário do Benfica. Coincidência, ou não, deve existir um qualquer canal telepático entre o meu estado de saúde e alguns dos momentos mais infelizes do universo encarnado.
O fantasma de Vigo
Quando no ano passado fiz um périplo pela Galiza, fiz questão de visitar o Estádio Balaídos e tirar umas fotografias. Há fantasmas que devem ser vencidos e quis aproveitar a ocasião para, pessoalmente, resolver o assunto. Ontem, o maroto voltou a assombrar-me. Temi o pior e nem com Benuron passava. Se uma simples derrota pode ser considerada como uma inevitabilidade pontual, uma goleada europeia fere o ânimo e abala o prestígio.
Razões para a derrocada
Após ler, na imprensa desportiva, algumas teorias sobre a tragédia grega continuo a pensar que o grupo – equipa técnica e respectivos jogadores – reúne outras condições para dar uma resposta mais avalizada. Nestas situações, vale a pena sublinhar que vários escribas e comentadores sentem um gozo especial em soltar os seus demónios. É verdade que o resultado só pode ser catalogado de vergonhoso, mas a planificação e construção da época 2008/09 não deve ser colocada em causa. Também me parece de mau tom particularizar a crítica num ou noutro jogador.
No meu entender, diversas circunstâncias levaram à derrocada. Em primeiro lugar, a colocação de Sidnei na posição de central direito foi discutível, pois o defesa brasileiro tem vindo a realizar boas exibições numa zona próxima de Jorge Ribeiro. Em segundo lugar, a opção pela sociedade Bynia e Yebda ofendeu o princípio de jogo ligado à posse e circulação de bola, dificultando a marcação (ritmos) do compasso. Até em face dos indisponíveis, para quando o desvio de Ruben Amorim para o centro do meio-campo? Por fim, a ausência conjunta de Luisão e Katsouranis fez tremer o edifício encarnado. Tratam-se de jogadores internacionais, com experiência e mentalidade competitiva bem acima de grande parte dos restantes companheiros. Sem a 'espinha dorsal' principal, o 'esqueleto' da equipa perdeu a sua solidez e, consequentemente, a defesa transformou-se num 'molusco' facilmente penetrável.
O processo de crescimento
Quique Flores costuma afirmar que necessita de tempo para construir um Benfica forte. Nas suas palavras, a equipa encontra-se num processo (acelerado) de crescimento. Como será nas outras equipas? Atentemos nas seguintes analogias...
Quando penso na presente carreira do FC Porto imagino um daqueles jovens recém-licenciados, acabadinhos de entrar no mercado de trabalho. Depois de duas épocas de grande nível, com o devido acompanhamento do Professor Jesualdo Ferreira, a agressividade do chamado mundo real tem dificultado a vida ao jovem tripeiro. A consistência da formação, fundamentada nos conhecimentos adquiridos, é sintomático da presença de raízes sólidas. Todavia, para lidar com outra dimensão profissional, falta atingir o patamar de emancipação total.
O caso do Sporting é substancialmente distinto. Desde logo porque, ao contrário da personalidade formadora de Jesualdo Ferreira, Paulo Bento impõe-se pelo carácter disciplinador. Os casos que têm vindo a público acabam por comprovar a passagem por uma fase acentuada de rebeldia. Não é difícil adivinhar que o jovem Sporting atravessa o complicado período da adolescência. As partidas frente ao Real de Madrid e Barcelona são paradigmáticas: a obtenção de dois golos pode ser encarada como um sinal de inconsciência típico de quem se acha 'dono do seu nariz', mas os cinco golos encaixados são reveladores de uma certa dose de ingenuidade.
Então, e quanto ao Benfica? Bem, o Benfica é como aqueles miúdos a quem se augura um futuro risonho. Com uma infância feliz, acarinhada por imensos familiares e amigos, este rapazinho é alvo dos maiores elogios, sendo muitos a apontar-lhe elevado potencial. Porém, quando o miúdo vai para a escola primária (leia-se competições europeias), amedronta-se com o ambiente e, sem a companhia de um irmão mais velho (Luisão e/ou Katsouranis) choraminga diante dos mais velhos.
Curiosamente, no entanto, até têm sido os bebés de Matosinhos a registarem mais elogios...
Um sintoma preocupante
Pondo as analogias de parte, finalizemos com algo mais sério. As recentes derrotas da selecção nacional (Brasil 6-2 Portugal), Sporting (2-5 com Barcelona) e Benfica (5-1 com Olympiacos) são resultados que merecem reflexão atenta. Neste sentido, mais do que desconfiar acerca da suposta pontualidade destes desastres, há que pensar seriamente na competitividade do futebol português. Nada acontece por acaso e alguns sintomas são preocupantes.
4 comentários:
quem n pensou em VIgo? q sofrimento!
Arsenal 4: FC Porto 0
Nunca te rías do teu vizinho quando o mal estará por bater na tua porta.
Sou obrigado a comentar, esta semana dura para a 2ªcircular.
Acho patético comparar um BARCELONA com uns gregos, ou será que têm o mesmo orçamento?
Não estou aqui a defender a derrota do meu clube, mas com dois auto-golos facilita em muito o adversário.
Mas quero deixar um grande abraço grego com uma mão cheia ao meu amigo Ricardo.
Só para terminar, lembras-te do que falei da tua defesa?????
E O BURRO SOU EU?????
Amigo Jorge Diogo,
Amanhã falamos. Pessoalmente.
PB,
Há fantasmas que custam a ultrapassar!
Rui MCB,
Esse resultado é sempre uma 'arma' a utilizar quando, por exemplo, algum colega ou amigo azul e branco manda a piadinha acerca da tragédia grega.
P.S. Segunda-feira já estaremos na liderança daquela Liga da Centralcer!
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