quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Os Senhores da Europa

Dou início a esta rubrica com uma interrogação: quem foi a última equipa a vencer, de forma consecutiva, a Champions League? Bem, a imagem retira o efeito supresa, acabando por dar resposta à questão. Porém, esta tinha de ser formulada. O texto que se apresenta é inteiramente dedicado ao fantástico AC Milan, os Senhores da Europa.

Últimos vinte anos de Champions League

Comecemos com um pouco de história. De facto, a equpa italiana foi a última a conquistar, duas vezes seguidas, o troféu mais apetecido por treinadores, jogadores e adeptos. Vinte anos atrás, corria a época 1988/89, a dupla Gullit e Van Basten cometeu a proeza de despachar o Steaua de Bucareste, contribuindo cada um com a marcação de dois golos. Na temporada imediatamente a seguir, numa final de má memória para o Benfica, oportunidade para Rijkaard mostrar-se decisivo com a obtenção do tento solitário. O AC Milan dominava a Europa e, de então para cá, o "bis" europeu nunca mais voltou a acontecer.

Próximo passo: sugiro que observemos a história dos últimos vinte anos de Champions League:

Época – Vencedor / Vencido – Resultado (após g.p.)

1988/89 – AC Milan / Steaua Bucareste – 4-0
1989/90 – AC Milan / SL Benfica 1-0
1990/91 – Est. Vermelha / O. Marselha 0-0 (5-3)
1991/92 – Barcelona / Sampdória 1-0
1992/93 – Ol. Marselha / AC Milan 1-0
1993/94 – AC Milan / Barcelona 4-0
1994/95 – Ajax / AC Milan 1-0
1995/96 – Juventus / Ajax 1-1 (4-2)
1996/97 – Bor. Dortmund / Juventus (3-1)
1997/98 – Real Madrid / Juventus 1-0
1998/99 – Man Utd / Bayern Munique 2-1
1999/00 – Real Madrid / Valência 3-0
2000/01 – Bayern Munique / Valência 0-0 (5-4)
2001/02 – Real Madrid / Bayer Leverkusen 2-1
2002/03 – AC Milan / Juventus 0-0 (3-2)
2003/04 – FC Porto / Mónaco 3-0
2004/05 – Liverpool / AC Milan 3-3 (3-2)
2005/06 – Barcelona / Arsenal 2-1
2006/07 – AC Milan / Liverpool 2-1
2007/08 – Man Utd / Chelsea 1-1 (6-5)

Champions League: pódio de vencedores

Real Madrid = 9
1955/56; 1956/57; 1957/58; 1958/59; 1959/60; 1965/66; 1998/98; 1999/00 e 2001/02

AC Milan = 7
1962/63; 1968/69; 1988/89; 1989/90; 1993/94; 2002/03 e 2006/07

Liverpool = 5
1976/77; 1977/78; 1980/81; 1983/84 e 2004/05

Cronologicamente, remetendo-me ao essencial, nota-se uma clara separação geracional entre os clubes incluídos no pódio. A ideia central poderia ser descrita do seguinte modo:
1. As conquistas europeias do Real Madrid, entre 1955 e 1960, marcaram o conceito futebolístico do meu Avô. Personagens como Gento, Puskas e Di Stéfano fazem parte do seu imaginário, incluídos na chamada hegemonia branca.
2 . Em situação idêntica, nas décadas de 70 e 80, foi a vez do meu Pai ser fortemente influenciado pelo domínio dos Red’s de Anfield.
3. Anos mais tarde, chegou a minha vez de ficar rendido ao poderio assombrosso da santíssima trindade, composta pelos conhecidos holandeses do AC Milan daquele tempo.

Os Senhores da Europa

A partida frente ao Steaua de Bucareste, disputada a 14 de Maio de 1989, marca o início do namoro italiano. Quando me lembro dessa final, só posso concluir que o vencedor era mais do que uma boa equipa. Era uma máquina de jogar futebol. A começar pela zona pressionante, implementada por Arrigo Sacchi e depois aprimorada por Fabio Capello. Quando me deparo com qualquer tentativa de comparação táctica, e estratégica, só consigo pensar tratar-se de uma anedota. De mau gosto.

Evidentemente, uma equipa deste nível teria que ser preenchida com valores individuais de topo. E que valores, caros leitores. Atente-se no onze titular dessa final: Galli, Tassoti, Costacurta, Baresi, Maldini, Rijkaard, Donadoni, Ancelotti, Colombo, Gullit e Van Basten. Curiosamente, o AC Milan recente ainda apresenta algumas semelhanças com aquela equipa do passado: (i) uma defesa experiente e sólida, repleta de jogadores italianos, autênticas bandeiras do clube (antes, Tassoti, Baresi e Costacurta; depois, Maldini e Nesta); (ii) um meio-campo assente num misto de intensa capacidade de pressão e imensa qualidade técnica (antes, Rijkaard e Ancelotti; depois, Seedorf e Pirlo); e, (iii) um ataque repleto de jogadores fantásticos, dos melhores do mundo na sua posição (antes, Gullit e Van Basten; depois Kaká, por exemplo).

Hora de terminar. Reconheço que dou particular atenção à história. Os museus explicam, em grande parte, muito daquilo que os clubes representam no presente. Contudo, tendo nascido em 1975, a minha admiração e respeito encontra-se direccionada para Milão. O contrário é que seria de espantar. Nos últimos vinte anos, 8 finais europeias e 5 troféus conquistados chegam e sobram para definir a minha concepção de futebol. Ponto final.

1 comentário:

M disse...

saudaçoes benfiquistas...

totalmente de acordo, sendo tb de 75 só posso concordar..é a única equipa que está sempre presente, apresentando-se como principal membro de uma elite de clube que, podendo oscilar uma ou duas épocas, não deixa de estar sempre no topo...vide a sua contabilidade por exemplo..alem das vitorias,ainda esteve em 3 finais..

é de uma grandiosidade tremenda.