Desânimo. Resignação. Tristeza. Sentimentos comuns à generalidade dos adeptos encarnados, após o apito final no derby de Lisboa. Tal como escrevi, o Benfica não fez tudo para não perder e o Sporting fez o suficiente para ganhar. Razões - para a derrota ou para a vitória, dependendo da perspectiva - serão algumas. Na óptica benfiquista, temos duas alternativas de análise: ou optamos pela via da superficialidade, enumerando a quantidade de erros individuais verificados ou, em sentido oposto, procuramos encontrar um motivo superior, centrado na variante táctica e orientado para as questões de âmbito estratégico.
Para os sportinguistas, poderá ser fácil explicar a vitória: jogaram melhor na 2.ª parte e os jogadores da frente mostraram um elevado índice de finalização. Posso concordar. Mas, a razão de uns não implica, necessariamente, a justificação de outros. Em primeiro lugar, o Benfica perdeu porque cada jogador, envolvido na sua zona de jurisdição, raramente conseguiu suplantar-se ao seu adversário directo. Os duelos individuais tiveram influência no desfecho e o colectivo não conseguiu disfarçar essa insuficiência. Em segundo lugar, o Benfica não venceu porque Quique Flores persiste no equívoco de abordar partidas diferentes, noutros ambientes e perante desafios distintos, através de um plano estratégico demasiado rígido para as naturais ambições do clube.
Sem menosprezar um aspecto, em detrimento de outro, prefiro deixar de lado o negativismo facilmente identificável com algumas performances individuais, centrando a minha atenção em questões de âmbito colectivo. Inicialmente, fiquei desconfiado da abordagem pensada pelo treinador espanhol. Apesar da boa exibição rubricada no 'dragão', a estratégia nunca poderia ser idêntica. Em matéria de posicionamento e dinâmica de movimentação, para não falar de muitos outros tópicos relacionados com o modelo de jogo, o Sporting proporcionava novos enigmas futebolísticos à espera de serem descodificados. Nesta medida, Quique Flores também peca na excessiva predilecção pelo contra-ataque: pressão em largura, com bloco médio-baixo constituído por duas linhas de quatro homens, um engache chamado Aimar e a profundida, em velocidade, transmitida por um hondurenho de jogo vertical. Acontece que o Benfica não é o Valência. Não sempre, mas em determinadas circunstâncias, o modelo de jogo encarnado merecia maior variedade de ingredientes. Com conta peso e medida, o cozinhado final podia ser susceptível de proporcionar um belo prato gourmet.
Desânimo. Resignação. Tristeza. Perfeitamente compreensível. Agora, não é aceitável "deitarmos a toalha ao chão". Jamais. Até porque continuo a manter a esperança de que esta Liga Sagres vai ser comemorada no dia em que recebermos o Belenenses. A toada crítica do parágrafo anterior não passa disso mesmo - uma simples constatação de que algo mais poderia ser feito, mas que não contraria a minha admiração e certeza quanto às competências técnicas de Quique Flores. Mesmo que o título não seja uma realidade, o treinador espanhol reunirá sempre a minha preferência para a época seguinte. Escusado será dizer porquê. Basta aprender com o passado. Assim, a hora não é de culpabilização de "a", "b" ou "c". O momento deve ser de total partilha de esforços, desde o presidente ao roupeiro, passando pelo jogador e terminando no adepto. União, de todos. Enquanto o objectivo principal for possível, a águia não pode parar de voar. Da minha parte, não deixarei de acreditar.
Para os sportinguistas, poderá ser fácil explicar a vitória: jogaram melhor na 2.ª parte e os jogadores da frente mostraram um elevado índice de finalização. Posso concordar. Mas, a razão de uns não implica, necessariamente, a justificação de outros. Em primeiro lugar, o Benfica perdeu porque cada jogador, envolvido na sua zona de jurisdição, raramente conseguiu suplantar-se ao seu adversário directo. Os duelos individuais tiveram influência no desfecho e o colectivo não conseguiu disfarçar essa insuficiência. Em segundo lugar, o Benfica não venceu porque Quique Flores persiste no equívoco de abordar partidas diferentes, noutros ambientes e perante desafios distintos, através de um plano estratégico demasiado rígido para as naturais ambições do clube.
Sem menosprezar um aspecto, em detrimento de outro, prefiro deixar de lado o negativismo facilmente identificável com algumas performances individuais, centrando a minha atenção em questões de âmbito colectivo. Inicialmente, fiquei desconfiado da abordagem pensada pelo treinador espanhol. Apesar da boa exibição rubricada no 'dragão', a estratégia nunca poderia ser idêntica. Em matéria de posicionamento e dinâmica de movimentação, para não falar de muitos outros tópicos relacionados com o modelo de jogo, o Sporting proporcionava novos enigmas futebolísticos à espera de serem descodificados. Nesta medida, Quique Flores também peca na excessiva predilecção pelo contra-ataque: pressão em largura, com bloco médio-baixo constituído por duas linhas de quatro homens, um engache chamado Aimar e a profundida, em velocidade, transmitida por um hondurenho de jogo vertical. Acontece que o Benfica não é o Valência. Não sempre, mas em determinadas circunstâncias, o modelo de jogo encarnado merecia maior variedade de ingredientes. Com conta peso e medida, o cozinhado final podia ser susceptível de proporcionar um belo prato gourmet.
Desânimo. Resignação. Tristeza. Perfeitamente compreensível. Agora, não é aceitável "deitarmos a toalha ao chão". Jamais. Até porque continuo a manter a esperança de que esta Liga Sagres vai ser comemorada no dia em que recebermos o Belenenses. A toada crítica do parágrafo anterior não passa disso mesmo - uma simples constatação de que algo mais poderia ser feito, mas que não contraria a minha admiração e certeza quanto às competências técnicas de Quique Flores. Mesmo que o título não seja uma realidade, o treinador espanhol reunirá sempre a minha preferência para a época seguinte. Escusado será dizer porquê. Basta aprender com o passado. Assim, a hora não é de culpabilização de "a", "b" ou "c". O momento deve ser de total partilha de esforços, desde o presidente ao roupeiro, passando pelo jogador e terminando no adepto. União, de todos. Enquanto o objectivo principal for possível, a águia não pode parar de voar. Da minha parte, não deixarei de acreditar.
3 comentários:
De acordo com tudo, mesmo com a sua preferência por Quique para a proxima época. Mas tenho que admitir que começo a irritar-me com a sua rigidez estratégica e táctica.
Tive conhecimento do blog através da revista "futebolista"
Parabéns, tens aqui um bonito "estaminé"
Quando te referes à tal "pressão em largura", estás a referir a pressão exercida pelo Reyes e pelo Rúben?
Cumps ;)
Puskas,
Estou-me a referir à pressão exercida por dois blocos constituídos por quatro homens: o defensivo e o de meio-campo. No 4x4x2 clássico, como existem apenas 3 linhas horizontais, a pressão é orientada em largura.
Graficamente, o texto seguinte explica, em parte, o que pretendo dizer:
http://www.cidadedofutebol.com.br/Universidade09/Jornal/Colunas/Detalhe.aspx?id=10274
Obrigado pelos comentários. Cumprimentos.
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