quarta-feira, 4 de novembro de 2009

[Liga Sagres] 9.ª jornada: Sp. Braga 2-0 SL Benfica

Depois dos acontecimentos do passado fim-de-semana, pouco tenho a adiantar sobre o jogo que já não tenha sido aflorado pela blogosfera ou pela imprensa especializada. Porém, desejo escrever algumas frases para memória futura.

Quando um emblema médio português, seja o Boavista, num passado recente, o Belenenses, o Vitória de Guimarães, o Sporting de Braga, ou outro qualquer, ao fim de algum tempo, projecta as bases para uma subida de patamar, assente num plano ambicioso de maior destaque no futebol nacional, os traços gerais dessa aproximação aos ditos 'grandes' tornam-se evidentes. Trata-se de uma mera circunstância pontual, influenciada por uma série de exibições e resultados prometedores? Ou, em sentido inverso, vislumbram-se sinais de crescimento consolidados e sustentados por uma direcção estável, um treinador competente e um elenco de executantes acima da média? Quando um desses clubes começa a demonstrar tiques de 'grande', será algo meramente conjuntural ou, porventura, um sintoma associado a um projecto sólido e bem construído, orientado para um futuro, de médio e longo prazo, com garantia de sucesso desportivo?

Até ao passado sábado, estava perfeitamente convencido que a estrutura futebolística do Sporting de Braga encontrava-se naquela parte decisiva do trajecto onde poderia, finalmente, intrometer-se na famosa luta entre os três 'grandes'. Estava enganado. Este Sporting de Braga nunca será 'grande', porque não respeita um rumo consistente, assente em predicados de crescimento gradual, sustentado e com uma imagem que o distinga dos demais. Este Sporting de Braga tem, apenas, tiques de 'grande'. Ainda por cima, demasiado vistos por outras bandas. A liderança não se afirma por uma lógica de virtudes, antes copia exemplos próximos que pouco dignificam o dirigismo nacional. A concepção de um modelo de jogo que privilegie o bom futebol esbate-se em atitudes provocatórias e comportamentos típicos de um clube de aldeia que disputa o seu derby regional. A meu ver, ficou evidente que este Sporting de Braga está longe de ser um 'grande'. A começar no seu presidente, em sentido literal, passeando pelas bancadas e continuando dentro do campo, nas imediações do túnel, onde os jogadores confundem agressão com sentido de afirmação.

Onde é que já vi isto? Em anos muito recentes, numas estranhas camisolas axadrezadas. Não deixa de ser curioso que esse projecto ambicioso e megalómano se tenha esvaído para divisões secundárias. Não é 'grande' quem quer. É 'grande' quem pode e quem faz por merecer. Suponho que, para algumas pessoas, ainda demore algum tempo a assimilar essa constatação. Da nossa parte, cá vos esperamos na 2.ª volta para recordar esse facto.

7 comentários:

João Bizarro disse...

Excelente! A crónica que este jogo merece!

slbcarlitos disse...

Parabéns pelo texto! Concordo em absoluto e temo (pela cidade e não pelos dirigentes) que o Sporting de Braga acabe como o Boavista: sem crédito, sem honra e sem glória...

Está fácil de ver que enquanto os dirigentes do Braga fizerem este tipo de jogo terão sempre a mão dos outros do Porto. O pior é quando houver conflito de interesses! O Braga é refém do Porto e muito dificilmente poderá crescer ao ponto de fazer mossa no clube dos andrades. Aí é deixado ao desamparo e o tombo é feio. Aconteceu com o Boavista. Aconteceu ao Guimarães. Acontecerá ao Braga seguramente.
Repito: É pena...

Abraço

AK 47 disse...

Parabéns.
Está ai tudo escrito.
Abraço

Dylan disse...

O País entrou em êxtase com a derrota do Benfica em Braga, a contar para o campeonato nacional de futebol. O País? Não, talvez os adeptos do 2º maior clube nacional: os anti-benfiquistas. Sei que 200.000 sócios devem fazer doer a cabeça a muito boa gente e reduzem alguns à sua pequenez, mas não sabia que na cidade dos Arcebispos se tomavam as dores dos outros. Os caciques do futebol nacional que se cuidem: a mística encarnada que enche estádios está de volta, pronta a triturar esta espécie de aspirantes a papas que fazem do desporto uma guerra e que criam ambientes de inspiração siciliana. Quero acreditar que o apito tendencioso calar-se-á, quando for exposto no exterior e cair no ridículo. Com ele, os lacaios de serviço espalhados pelas diversas áreas da sociedade, agudizarão a caminho do exílio. Portanto, rejubilem enquanto podem...

http://dylans.blogs.sapo.pt/

Hugo disse...

Excelente!!!

É, sem dúvida, esta mania das grandezas que lhes criará muita azia no futuro!!!

E como disse, "cá os esperamos na 2ª volta"...

Estou mesmo ansioso!!!

GR1904 disse...

Slbcarlitos, eu não tenho pena nenhuma que isso possa acontecer ao braga. Aliás, espero seguramente que isso venha a ser uma realidade, mais cedo ou mais tarde, à semelhança do que aconteceu a outros clubes.

O que é pena é termos um futebol estruturado de forma a que isso aconteça ciclicamente com clubes diferentes. E que ninguém saiba olhar para o passado e ver como isso é tão evidente que os faça pensar duas vezes antes embarcarem nesse tipo de caminho para a (suposta) glória.

Catenaccio, não é grande quem quer mas sim quem pode. Concordo. Mas mesmo quem pode, é necessário distinguir os que tiveram mérito para atingir esse estatudo consolidado ou os que tiveram "mérito" para lá chegar. E as aspas servem precisamente para identificar os últimos 25 anos em que isso aconteceu com determinado clube regional.

Cumprimentos.

dezazucr disse...

Curiosamente ou não, o ano em que o Boavista foi campeão, foi um ano em que o porto não estava tão forte e em que o Boavista travou uma série de 8 vitórias consecutivas do Benfica de Toni, num jogo também ele cheio de casos... e vá-se lá ver, sempre contra o mesmo adversário.

Mas este Benfica deste ano está muito mais forte. Está um Benfica a meter muito medo a muita gente, daí a curiosidade de à 8ª jornada já se terem gasto quase todos os árbitros normalmente avessos ao Benfica, Olegário e Jorge Sousa incuidos.

Basta ver a grande joga contra o Everton.