sábado, 23 de janeiro de 2010

O adversário do Sport Lisboa e Benfica

Para Luís Freitas Lobo, "mais do que cinco continentes e sete mares, o mundo é um infinito conjunto de campos de futebol com muitas casas á volta". Trata-se de uma frase que resume bem a paixão do conhecido analista desportivo. Sem contrariar o sentido emocional da mesma, apenas acrescentaria o seguinte excerto: "(...)" onde emergem as mais variadas rivalidades clubísticas. O futebol não teria a magia e o impacto (positivo) junto da sociedade, sem o 'picante', correctamente doseado, de uma saudável competição. Será possível ficar indiferente à emoção dos sentidos perante um Boca Juniors vs River Plate? Um Celtic vs Glasgow Rangers? Um Barcelona vs Real Madrid? Um Everton vs Liverpool? Ou, ainda, um Lazio vs Roma? E, em Portugal?

Se perguntarem a um adepto do FC Porto qual o seu principal adversário, a resposta será óbvia. Se colocarem a mesma interrogação a um simpatizante do Sporting, a resposta será idêntica. Em relação à primeira questão, concordo. Basta levantar a cabeça para observar o rival que está imediatamente acima em número de campeonatos conquistados. Em relação à segunda inquisição, discordo. Por razões normais, seria preciso subir 13 degraus na escada da principal competição portuguesa para atingir o mesmo patamar curricular. Agora, para além da natural atenção 'carinhosa' dos rivais azuis e verdes, qual será, então, o principal adversário do Sport Lisboa e Benfica?

Em conversa com alguns amigos 'encarnados', as opiniões dividem-se. Por um lado, há quem olhe para a rivalidade clubística com uma visão tradicional de proximidade geográfica, respeitando uma espécie de passagem de testemunho dos mais velhos. Trata-se da rivalidade estrutural entre o Benfica e o Sporting. Por outro lado, há quem veja a rivalidade clubística com uma visão mais moderna de conflito regional, atendendo aos desafios impostos pelas últimas décadas. Como está bom de ver, refiro-me, em tom guerreiro, à rivalidade conjuntural entre o Benfica e o FC Porto. Como a nossa existência não gira à volta de sentimentos de cólera, ódio, rancor ou puro sarcasmo, há que optar por um alvo específico que garanta o 'reunir de tropas'.

Compreendo o peso da tradição e o carácter particular de um derby, mas desde há algum tempo que o clássico tem vindo a capitalizar maior importância: o Sporting não deixará de representar o papel de opositor histórico, mas o principal contendor actual dá pelo nome de FC Porto. Como em muitos outros aspectos, sou bastante pragmático. Na verdade, gosto de analisar os números, estudar os factos e, após discussão e reflexão, revelar um sentido prático sobre conceitos e situações. A verdade é só esta: o Sporting apresenta 18 títulos nacionais conquistados; o FC Porto alcançou a marca de 24 troféus 'capturados'. Claro que destes, 2/3 foram obtidos através de meios ílicitos que a justiça portuguesa fez o favor de ignorar, mas o fantástico tripulha fez questão de deixar para memória futura. Em resumo?

O Sporting mantém o seu rumo aristocrático de auto-flagelação - vidé os recentes acontecimentos verificados entre o seu director de futebol, Sá Pinto, e o seu principal goleador, Liedson. O FC Porto insiste no clima de guerrilha, estendendo os 'tentáculos do polvo' a várias esferas nacionais, quer se trate de influências nos sectores de justiça, passando por intimidações junto de orgãos de comunicação social, até culminar nos meios que justifica(ra)m os fins, ou seja, nos envolvimentos entre a mais antiga profissão do mundo e os agentes do futebol. Destas, e outras, actividades, mais ou menos respeitosas, a fronteira é cada vez mais ténue. As diferenças estreitam-se. Para terminar...

O Sporting não aborrece. O Sporting não ameaça. O Sporting provoca, apenas, duas vezes durante o ano, hora e meia de transtorno emocional, ainda que muito semelhantes ao nervoso miudinho sentido quando defrontamos o Belenenses. Cada vez mais. O Sporting não é rival directo na hegemonia do futebol português. Pelo contrário, por todas as razões e mais algumas, o FC Porto é o verdadeiro 'alvo a abater'. No entanto, enormes diferenças separam estes dois competidores directos. O FC Porto, na pessoa do seu dirigente máximo, agride, engana, ilude, insulta, ludibria e prevarica.

Em sentido contrário, a instituição Sport Lisboa e Benfica não afronta, não investe, não ofende e não provoca. Não abusa de cânticos insultuosos. Não faz da ira e da raiva uma forma única de existência. A filosofia de vida encarnada não busca o confronto externo, antes exalta o carácter positivo daquilo que a equipa de futebol é capaz de transmitir no relvado, em perfeita comunhão com a união de uma onda vermelha centrada na admiração por um símbolo vivo. Por muito que tentem influenciar a opinião pública, de modo a camuflar a realidade, haverá sempre um tripulha qualquer disposto a repor a verdade.

3 comentários:

JFC disse...

já por diversas vezes manisfestei excatamente a mesma opinião em discussões com adeptos do Sporting, apesar de eles continuarem a insistir que não.O adversário directo chama-se Porto...

Viriato de Viseu disse...

Perfeito.
Do Ceportém apenas só quero saber deles 2 vezes por ano.

Eles teimam em ver o inimigo no nosso ENORME, com os aplausos do Corrupto.

Enfim, não vêm népia. O que vale é que vão a caminho de serem um novo Belenenses, Oriental e Atlético e deixam de nos chatear naquele incómodo de jogarmos com eles 2 vezes por ano...

Pedro disse...

O clube corrupto por tudo o q representa é o nosso inimigo. Os verdes chateiam apenas pq estão aqui ao nosso lado...