domingo, 28 de fevereiro de 2010

Parabéns Sport Lisboa e Benfica

O Sport Lisboa e Benfica comemora este domingo, dia 28 de Fevereiro, o seu 106.º aniversário. Os benfiquistas têm motivos para celebrar de forma dupla, já que a equipa de futebol somou no sábado mais uma vitória na Liga, mantendo o primeiro lugar da classificação.

Origens

A 31 de Julho de 1903 foi formada a "Associação do Bem", para congregar ex-alunos da Real Casa Pia de Lisboa. A 28 de Fevereiro de 1904, após uma sessão de treinos, a Associação do Bem reuniu-se, liderada por Cosme Damião, e assim se fundou o Sport Lisboa.
Em 1906, com a fundação do Sporting Clube de Portugal, alguns jogadores de valor deixaram o Sport Lisboa e a crise instalou-se, chegando a haver quem pensasse que o clube tinha chegado ao fim, mas Cosme Damião e Félix Bermudes, investindo dinheiro do seu bolso, evitaram a sua queda.
O Sport Lisboa e Benfica foi criado apenas no dia 13 de Agosto de 1908, com a união entre o Sport Lisboa e o Grupo Sport Benfica. Foi uma boa solução para o tempo difícil que atravessavam os dois clubes.

Uma aproximação à mística

Idolatrar o clube não foi estratégia de alguém. Foi algo espontâneo que aconteceu em 1907, quando o invencível Carcavelos Club ganhava tudo o que havia para ganhar.
Ver os ingleses ganhar continuamente provocou-lhe um enorme apetite pelas vitórias e quando chegou o dia do jogo, o Sport Lisboa ganhou-lhes por 2-1. Em quase uma década, os ingleses sofreram a primeira derrota contra uma equipa formada exclusivamente por portugueses.
Nos próximos três anos, os ingleses do Carcavelos Club voltaram a não perder nenhum dos jogos efectuados, enquanto o Sport Lisboa enfrentava a sua primeira grande crise, com a perda de oito jogadores desafiados a jogar no recém-fundado Sporting Clube de Portugal e no Brasil.
Em 1910, o Sport Lisboa e Benfica, ressuscitado das cinzas e com a nova equipa resultante da união com o Sport Benfica, não resiste à tentação de defrontar de novo os poderosos ingleses do Carcavelos Club. O Benfica voltou a ganhar por 1-0, na presença de 8.000 pessoas que assistiram ao jogo. Porque o Carcavelos não perdia com mais nenhuma equipa, este sucesso valeu-lhe o título de "Glorioso", que jamais deixou cair.

Simbologia

Depois da união dos dois clubes, a designação de Sport Lisboa e Benfica foi adoptada e o emblema manteve a mesma estrutura, tendo a águia de asas abertas na posição de levantar voo, segurando com as garras uma faixa ondulada com as cores nacionais, sobre a qual se exibe o lema "E Pluribus Unum". Sobre a roda raida está o escudo com as cores vermelha e branca, tendo a bola ao centro, sobre a qual, disposta em dagonal, se inclui a faixa azul com as iniciais S.L.B. de Sport Lisboa e Benfica. A forte carga simbólica de cada elemento que compõe o emblema fornece-nos também uma valiosa contribuição para explicar a mística tão forte existente no clube. Nenhum elemento está no seu lugar por acaso.

O elemento central: a águia

A águia, na posição de lançamento de voo sobre o escudo, foi escolhida por se tratar de uma ave altaneira, plena de autoridade, força, vitória e orgulho, símbolo de elevação de propósitos e de espírito de iniciativa.

O fundo do emblema: a roda raiada

Directamente, a roda corresponde à presença do Grupo Sport Lisboa, que estava então mais vocacionado para o ciclismo e atletismo.

O vermelho: no escudo, no equipamento e no hino

O vermelho é o símbolo fundamental do princípio da vida, com a sua força, o seu poder e o seu brilho, a imagem do sangue e da vivificação.
Encarnando o arrebatamento e o ardor da juventude, o vermelho é também, e por excelência, nas tradições irlandesas, a cor guerreira. Vermelhos são os campos de batalha, pelo sangue derramado.
No tempo em que o SLB foi fundado, o vermelho foi a cor escolhida para simbolizar a luta de classes operárias ao reivindicarem os seus direitos, imagem da força e da coragem, assim como do sangue derramado pelos trabalhadores.

O branco

O branco é a cor da pureza, ou inocência, muito relacionada com a infância. É branca a bandeira levantada para a rendição do guerreiro, como brancas são as pombas que simbolizam a paz.
Provavelmente, o branco do emblema, como cor neutra do Benfica ao lado do vermelho, poderá significar o desportivismo, o tudo em aberto, quando no princípio do jogo se admite que tudo possa acontecer - o tudo ou o nada; perder ou ganhar.

A faixa com as iniciais S.L.B.

Sendo que o azul é a cor do céu, num plano superior e separado pela bola, está um SLB, que se eleva constantemente, numa dimensão onde o Divino é invocado nas preces de atletas e dirigentes, não importando para o efeito, qual a sua matriz ou vínculo religioso.

O lema: E Pluribus Unum

O lema inscrito na faixa vermelha e verde, as cores nacionais, suspensa nas garras da águia, colocada sobre todos os outros elementos, foi idealizado por Félix Bermudes e representa a forte ideia de continuar a união e o espírito de família que caracterizou a criação do clube e permanece tão viva como no primeiro dia.
O critério republicano, que serviu de base para a escolha do vermelho, fundava-se na circunstância de ser uma cor combativa, viril por excelência - a cor da conquista e do riso, cor cantante, ardente, alegre, que lembra o sangue e incita à vitória. O verde foi escolhido por ser a cor da esperança e por estar ligado à revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891.
Há quem defenda a ideia de que o verde representava as florestas de Portugal e que o vermelho representava o sangue dos que tinham morrido pela independência da Nação.

Fonte: Todos os excertos de textos foram retirados do livro "O Benfica como Religião", anteriormente aqui citado como sugestão (obrigatória) de leitura. Mais do que transcrever partes importantes desta obra, acção rara neste espaço que faço questão de manter, foi minha intenção felicitar o Sport Lisboa e Benfica e homenagear o excelente trabalho de investigação do autor, José Jacinto Pereira, capaz de nos conduzir através da ideia de mística, mas também dos mais fortes símbolos da instituição.

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