sábado, 10 de abril de 2010

[Europa League] Liverpool FC 4-1 SL Benfica

A primeira palavra que me vem à cabeça é... orgulho. Orgulho na atitude e convicção dos jogadores. Orgulho na admirável campanha europeia, onde ultrapassaram-se emblemas como o AEK Atenas, o Everton, o Marselha, só para citar alguns. Na vitória, ou na derrota, desde que a equipa mostre 100% de raça, querer e ambição, devemos afugentar adjectivos como consternação e decepção. A imagem do clube não ficou afectada com a eliminação e os adeptos não têm razões para se sentirem envergonhados. Sim... orgulho.

Do lado do Benfica, sendo sincero e verdadeiro, penso que nem tudo correu bem. Mentiria, se dissesse o contrário. A força esmagadora dos números encarrega-se de justificar a verdade dos factos e eliminar todos e quaisquer argumentos, mais ou menos, subjectivos. Se olharmos para as estatísticas, notamos que a equipa comandada por Jorge Jesus teve mais cantos e mais remates à baliza contrária. No entanto, analisando a globalidade de um jogo de futebol, ter mais posse de bola, ou mais oportunidades de golo, nao chega para demonstrar a validade da fórmula de sucesso. É preciso não esquecer um factor muito importante: eficácia. Nos momentos certos, a equipa inglesa foi mais eficaz e inteligente tacticamente. Despindo a camisola de adepto, o Benfica só se mostrou perigoso em lances de bola parada (cantos e livres), correndo sempre atrás do prejuízo. Então, porque é que perdemos? Nos detalhes e na menor condição física, como evidenciou Jorge Jesus?

Em Portugal, na imprensa desportiva, e na generalidade dos comentadores, existe muito a tendência para esconder virtudes alheias através do escrutínio ad eternum de um sem número de erros próprios. Os motivos para a derrota davam para editar um livro: (i) a escolha pela entrega da titularidade da Júlio César; (ii) a opção por Sidnei no centro da defesa com consequente desvio de David Luiz para o lado esquerdo; (iii) a menor frescura física patenteada pela maioria dos jogadores; (iv) a decisão tomada quanto à data da partida frente à Naval; e, (v) o discurso centrado numa hierarquização de objectivos comuns, excessivamente focalizado na conquista do 32.º título nacional. No meu entender, pode ser um bocadinho de tudo, apesar de não concordar com a forma e substância como algumas críticas foram sendo proferidas.

Na vertente táctica, prefiro vincar o meu distanciamento em relação às particularidade específicas que o jogo iria oferecer, respeitando as escolhas de Jorge Jesus. A confiança na sagacidade táctica do treinador mantém-se inalterável, pelo que considerações extensas nesta matéria devem ser postas num plano meramente teórico. Sem explicações demasiado rebuscadas. Porém, para que os leitores registem como memória futura, devo afirmar que as selecções passadas na constituição do plantel acabam por ter consequências nefastas no futuro. Sem espanto, refiro-me à questão da baliza. Julgo que a questão do guarda-redes não teve, da parte dos responsáveis do clube, a mesma atenção e prioridade em relação a outras posições (mais avançadas) do esquema táctico. Para que o 'rolo compressor' encarnado ganhe uma dinâmica capaz de acompanhar o ritmo europeu, torna-se necessário reflectir sobre a necessidade de o plantel contar com mais alternativas de qualidade, nomeadamente no lugar de defesa esquerdo e na, já citada, posição específica de guarda-redes. Para já, não pretendo alongar-me demasiado sobre este tópico, e desviar-me do assunto central do artigo. De quaquer modo, não deixarei esquecer este tema, até porque, para a época 2010/11, torna-se fundamental que o Benfica avance para a contratação de um guarda-redes (Victor, do Grémio?) de TOPO. Como diz um amigo meu: "os erros cometidos em Julho/Agosto, pagam-se caro em Abril/Maio". Para bom entendedor, meia palavra basta.

Por fim, voltemos a atenção para a equipa inglesa. Ao invés de pretender destacar erros própios, ou menosprezar algumas exibições individuais, prefiro justificar a derota com uma frase muito simples: o Liverpool foi melhor. Aos nossos 'olhos', pode não ter sido arrebatador ou deslumbrante, mas a performance colectiva foi suficiente para travar a nossa equipa. Por vezes, mais do que justificar o fracasso de determinada partida com base no demérito do Benfica, devemos aceitar o mérito e mais-valia do adversário.

No meu entender, foi o que aconteceu e nem sequer deve constituir surpresa. Por exemplo, basta pensar no facto de Jorge Jesus estar há, apenas, um ano de 'águia ao peito', enquanto o treinador espanhol Rafa Benítez comanda os destinos do Liverpool desde a temporada 2004/05. Quer queiramos, quer não, o factor tempo concorre positivamente para a assimilação de princípios de jogo, na medida em que a repetição anual dos envolvimentos técnico/tácticos, no treino e na concepturlização do modelo de jogo, trazem vantagens acrescidas. Depois, a óptica financeira também tem um grande peso, na medida em que o orçamento disponível é relevante e permite dotar o plantel de jogadores de elevada qualidade futebolística. No meio disto tudo, não esquecer que o Liverpool é a equipa inglesa mais titulada em competições europeias e que, por norma, habita na milionária Liga dos Campeões. Com efeito, trata-se de um argumento de peso: a experiência adquirida (acumulada), pelos jogadores, transmite um acréscimo de frieza e segurança nos momentos decisivos da eliminatória. Como ficou visível, a equipa do Benfica viu-se confrontada com a elevada intensidade do ritmo europeu, sentindo grandes dificuldades perante a superior dimensão internacional do adversário. De qualquer forma, a eliminação não foi às custas de um Galatasaray, de um Metalist, ou de um Espanhol de Barcelona. Portanto, caímos de pé.

O sonho europeu terminou, mas o (renovado) objectivo da hegemonia nacional está mais perto do que nunca. O desenvolvimento de uma equipa de futebol também obedece a uma lógica de crescimento sustentado, pelo que a ambição europeia deve primeiro dar lugar às conquistas nacionais. A campanha internacional não envergonhou, muito pelo contrário. Contudo, o presente sussurra-nos a importância do 32.º título nacional. A hora das grandes decisões avizinha-se (literalmente), com início na próxima terça-feira. A ambição e confiança mantêm-se inabaláveis.

3 comentários:

João Bizarro disse...

Venham de lá esses 3 pontos hoje. Rumo ao 32º!!!

Pedro disse...

Acho q o Liverpool foi mais eficaz e por isso ganhou. Marcou em Anfield o que nós não conseguimos marcar na Luz.

Em jogo jogado fomos, mantenho essa opinião, superiores. Mas o q conta são as bolas q entram...

João Bizarro disse...

É como o Pedro diz. No jogo da 1ª mão o resultado mais justo seria 6-2. Tivemos n oportunidades e não marcamos. Eles em Anfield marcaram as que tiveram.

Na altura do 1º golo deles estamos a dominar completamente. O JC falha, mas antes há falta. O Kuyt passou o jogo todo a fazer aquilo (o que até resultou no lance da lesão). Quer isto dizer que Benitez viu bem as fragilidades deste GR e aquele 1-0 foi decisivo.

Hoje, com um GR mais a sério é bom que conquistemos os 3 pontos. Considero-os decisivos.