domingo, 29 de agosto de 2010

[Liga 2010/11] 3.ª jornada: SL Benfica 3-0 Vit. Setúbal

O futebol tem destas coisas: o jogador que, num ápice, passa de vilão a herói. Eu próprio cedi à tentação de diabolização do guarda-redes Roberto. Existiam fortes razões para tal estado de espírito e, no universo benfiquista, concerteza não fui o único a mostrar a revolta por 6 pontos perdidos em 2 jornadas. Também Jorge Jesus não arriscou (por opção meramente técnica ou por receio das reacções que poderiam vir das bancadas?), entregando a titularidade ao, igualmente, infeliz Júlio César. E foi, então, que o minuto 22 revelou-se como o ponto-chave da partida.

Até esse momento, o Benfica vencia com justiça (Cardozo, 4') e controlava as operações. Mas, foi precisamente nesse minuto fatídico que se viveram minutos de puro drama cinematográfico. Primeiro, com a grande penalidade cometida pelo guarda-redes brasileiro seguida de expulsão directa imediata. Depois, com a entrada do portero espanhol debaixo de uma enorme ovação de confiança e manifestação de carinho. Por fim, com Hugo Leal (mais um escorraçado por Vale e Azevedo) a partir para a bola sob um coro de assobios e Roberto a corresponder com sangue, suor e lágrimas. O relógio já marcava 24 minutos de jogo e foi nesse instante que o Benfica juntou a equipa, os adeptos e partiu para a conquista dos 3 pontos. Se, como espero, em Maio formos (bi) campeões, este lance será daqueles a merecer destaque no vídeo de consagração.

Curiosamente, e insiro aqui um mea culpa, ao longo da semana fui alterando a opinião sobre qual a decisão que Jorge Jesus deveria tomar e cheguei a comentar com amigos do twitter que Roberto deveria manter a titularidade. Porquê? Porque dei-me conta, através de vários diálogos mantidos, que era extremamente injusto estar a centralizar as culpas de todos os males da equipa na figura do guarda-redes espanhol. Felizmente, o Benfica venceu categoricamente e ganhou novo folêgo para o que resta da competição. Porém, ainda que na altura das vitórias tudo se esqueça e tudo resulte harmonioso, não posso esquecer alguns 'grãozinhos de areia' internos que também serviram para agravar o ambiente nos treinos e no seio do grupo. Guardarei para mim essas reflexões ou partilharei em conversas privadas.

Em relação ao jogo, reafirmo que a equipa esteve globalmente num patamar já de acordo com os pergaminhos (exibicionais) da temporada anterior, mas gostaria de evidenciar os desempenhos individuais, acima da média, de Luisão, Fábio Coentrão, Pablo Aimar e Nicolás Gaitán. De qualquer modo, a história da partida ficará sempre ligada ao que se passou entre os 22 e os 24 minutos da 1.ª parte. Assim, cabe-me introduzir o seguinte apontamento: a partir de hoje, respeitando a forma de agir e pensar de um amigo chegado, manterei os níveis de exigência colectivos correspondentes à minha ideia histórica de Benfica, mas serei muito mais permissivo em relação aos atletas que começaram recentemente a envergar a camisola encarnada: (novos) jogadores como Roberto, Fábio Faria, Nicolás Gaitán, Franco Jara e 'Toto' Salvio merecem uma dose superior de apoio e crédito nas suas capacidades. O 1.º ano de (e à) Benfica deve representar o período natural para uma mais correcta e justa avaliação.

Para terminar, em jeito de graçola, um fait-divers interessante. Na época 2009/10, a contar para a Liga Sagres, falhei uma partida no Estádio da Luz: empate 1-1 com o Marítimo. Os restantes 14 foram marcados por vitórias e várias goleadas pontuadas com nota artística elevada. O primeiro exemplo foi frente ao Vitória de Setúbal, também na 3.ª jornada, com vitória expressiva por 8-1. Na presente temporada 2010/11, voltei a perder a 1.ª jornada da competição nacional: derrota 1-2 com a Académica. Quando se deu o meu regresso? Precisamente na 3.ª jornada e, curiosamente, frente ao mesmo opositor do ano anterior. Em suma: de vários quadrantes, começam a 'chover' insistentes pedidos no sentido de modificar as minhas férias para Julho, o mais tardar início de Agosto. Óbvio, não passa de brincadeira!

P.S. Estive na Luz aquando da apresentação aos sócios (vitória 3-2 frente ao Mónaco) porém, por motivos pessoais, não marquei presença na Eusébio Cup (derrota 0-1 diante do Tottenham). Coincidência, pois claro :)

Sem comentários: