quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

[Cap. II] Dossier Getafe Club de Fútbol

No primeiro capítulo analisámos a carreira do Getafe em 2007/08. Foi objectivo resumir a performance das várias competições, La Liga, Uefa Cup, Copa del Rey, procurando ilustrar com dados estatísticos, assim como destacar alguns vídeos das partidas mais relevantes. No capítulo que se segue, a atenção irá incidir sobre a vertente táctica associada ao modelo de jogo.
Costuma dizer-se que uma equipa joga à imagem do seu treinador. Segue o seu conceito de futebol, definido em princípios de jogo que melhor sirvam as suas convicções pessoais. O adversário do Benfica não é excepção e o estratega tem nome dinamarquês famoso: Michael Laudrup.
Enquanto jogador, era elegantíssimo com a bola nos pés. Ficou célebre a forma como progredia no espaço central e depois soltava um passe de ruptura açúcarado. Um dos seus movimentos preferidos era meter a bola na esquerda, ou direita, ao mesmo tempo que olhava para o lado contrário. Ronaldinho Gaúcho faz questão de perpetuar a magia.
No final da carreira, Laudrup deixou no ar uma profecia: “Daqui a dez anos, não haverá mais jogadores como eu. Todos irão preferir atletas”. Anos mais tarde, como treinador, nota-se que o nível de exigência transmite-se para o relvado, a que não será alheio o facto do Getafe praticar um futebol positivo, virado para o golo. Como vimos, a escassez de empates da equipa espanhola é um sintoma desse carácter voltado para as vitórias.
Em termos meramente tácticos, o desenho habitual mostra o 4x4x2 em linha, dito clássico. Provavelmente, este será o sistema que a equipa espanhola mostrará ao público presente no Estádio da Luz, no próximo dia 6 de Março. Para ilustrar o esquema base, normalmente utilizado, nada como exemplificar através do último confronto frente ao vizinho Real Madrid:

Começemos pelo sector mais recuado. A dupla de centrais é constituída por Daniel "Cata" Díaz, argentino que veio do Boca Juniors e por David Belenguer, experiente capitão que completou 35 primaveras. No flanco direito, o romeno Cosmin Contra alterna com David Cortés; na faixa oposta, o ala Lucas Licht divide o protagonismo com o francês Signorino, ex-Nantes.
Subindo uns metros, na zona intermediária, várias opções garantem a fluidez do modelo de jogo e Laudrup não tem receio de promover a rotatividade. Ainda assim, há sempre aqueles que mais se destacam: Javier Casquero, preferencialmente ligado a tarefas de marcação e recuperação; Pablo Hernández, dono do corredor direito; De la Red, jovem talento (22 anos) na construção de jogo; Fabio Celestini, internacional suiço, ponto de equilíbrio para o colectivo; Esteban Granero (20 anos), coqueluche do clube e temível no remate.
Na frente, quando Laudrup opta pelo 4x2x3x1, o uruguaio Ángel Albín pisa terrenos típicos de um n.º 10, mas o melhor marcador do campeonato espanhol é o avançado Manuel "Manu" del Moral. Como companheiro de área, enquanto Kepa (1,85m e 83kg) é o possante ponta-de-lança para os momentos difíceis, o nigeriano Uche é o homem de todos os momentos, evidenciando-se nas transições ofensivas.
Prevendo-se que o Benfica mantenha a sua estrutura disposta no 4x2x3x1, é esperado que Laudrup opte pelo tradicional 4x4x2, semelhante, no papel, ao que venceu o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu. De qualquer modo, José António Camacho tem de preparar a eliminatória ao detalhe, pois o Getafe sabe como posicionar-se em 4x1x3x2 – Javier Casquero como pivot defensivo - e 4x2x3x1. Consoante as características do adversário e mediante as circunstâncias do próprio resultado, a equipa espanhola dispõe de maleabilidade táctica que lhe permite alterar o rumo dos acontecimentos. Para não variar, a chave está no meio-campo.

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