Os museus não ganham jogos. Pelo que li aqui, parece que a frase foi proferida por um jogador do Getafe, horas antes da partida. Eu acrescentaria: nem museus, nem camisolas encarnadas, nem o mítico "inferno" da Luz. Como encontrar argumentos capazes de contrariar esta realidade? Talvez se tivéssemos jogado com onze. Ficou a sensação de que com mais um homem, o Benfica poderia sovar o 10.º classificado da liga espanhola.
Houve um período, na década de 90 e no virar do séc. XXI, em que qualquer confronto com equipas italianas era sinónimo de derrotas. Com algumas vitórias morais à mistura. Desde logo, a derrota na final da Liga dos Campeões, na época 1989/90, frente a AC Milan. Depois disso, outros clubes como Juventus, Parma, Inter e Lazio cruzaram-se no destino dos encarnados.
Ultimamente, o sentimento de impotência vem da vizinha Espanha. Celta de Vigo (de má memória), Villarreal – derrota na Luz 0-1, na fase de grupos – Barcelona, Espanyol e, agora, Getafe. Temos de ser realistas. Sabendo que esta equipa, praticamente renovada, em que vários atletas cumprem a primeira presença em competições europeias e sem vários dos habituais (prováveis) titulares – David Luíz, Petit, Maxi Pereira ou Bynia, Nuno Gomes ou Makukula – seria difícil fazer melhor.
Sobre o jogo propriamente dito, este ficou condicionado pela expulsão de Cardozo antes dos dez minutos de jogo. Não comento o lance, até porque no estádio só me apercebi do árbitro mostrar a cartolina roja. Já referi que não escrevo sobre arbitragem, mas se a tarefa já não se afigurava fácil com onze, que esperar dos restantes oitenta minutos a actuar com dez? Por conseguinte, julgo que não faz sentido desenvolver a vertente táctica. Escrever sobre como se comportou o 4x3x2, em detrimento da hipótese 4x4x1 parece-me desnecessário.
Antes desta partida, a minha preocupação prendia-se mais com a perspectiva de sofrer um golo ou da equipa revelar desacerto na finalização. Sinceramente, apesar do bom toque de bola da equipa espanhola, a ideia que ficou é que o Getafe estava ao alcance de um Benfica personalizado. Alías, na temporada passada fui ver aquele triste 0-0 com o Espanyol e o clube de Barcelona deixou-me melhor impressão.
Assim, nas minhas expectativas iniciais, esperava concentração e inspiração. A equipa ofereceu suor e transpiração. Quando assim é, mesmo insatisfeito com o resultado, não posso ficar indiferente à atitude dos jogadores.
A minha réstea de esperança reside nesse facto: desconfio do talento, mas acredito no esforço individual e colectivo. Hoje e durante os próximos dias sei que o sentimento aponta para o pessimismo. Mas, no próximo dia 12 de Março, vou acreditar que a desilusão de ontem possa transformar-se numa jornada gloriosa. À Benfica. Há espaço para sonhar.
Restantes jogos dos oitavos-de-final da Taça UEFA:
Anderlecht (Bélgica)-Bayern (Alemanha), 0-5
(Altintop, 9m; Luca Toni, 45m; Podolsky, 57m; Klose, 67m; Ribery, 86m)
Fiorentina (Itália)-Everton, (Inglaterra), 2-0
(Kuzmanovic, 70m; Montolivo, 81m)
Marselha (França)-Zenit St. Petersburgo (Rússia), 3-1
(Cissé, 36m e 54m; Niang, 47m); (Arshavin, 82m)
Bolton (Inglaterra)-SPORTING (PORTUGAL), 1-1
(McCann, 25m); (Vukcevic, 70m)
Rangers (Escócia)-Werder Bremen (Alemanha), 2-0
(Cousin, 45m; Davis, 48m)
Bayer Leverkusen (Alemanha)-Hamburgo (Alemanha), 1-0
(Gekas, 77m)
Tottenham (Inglaterra)-PSV Eindhoven (Holanda), 0-1
(Farfan, 36m)
Houve um período, na década de 90 e no virar do séc. XXI, em que qualquer confronto com equipas italianas era sinónimo de derrotas. Com algumas vitórias morais à mistura. Desde logo, a derrota na final da Liga dos Campeões, na época 1989/90, frente a AC Milan. Depois disso, outros clubes como Juventus, Parma, Inter e Lazio cruzaram-se no destino dos encarnados.
Ultimamente, o sentimento de impotência vem da vizinha Espanha. Celta de Vigo (de má memória), Villarreal – derrota na Luz 0-1, na fase de grupos – Barcelona, Espanyol e, agora, Getafe. Temos de ser realistas. Sabendo que esta equipa, praticamente renovada, em que vários atletas cumprem a primeira presença em competições europeias e sem vários dos habituais (prováveis) titulares – David Luíz, Petit, Maxi Pereira ou Bynia, Nuno Gomes ou Makukula – seria difícil fazer melhor.
Sobre o jogo propriamente dito, este ficou condicionado pela expulsão de Cardozo antes dos dez minutos de jogo. Não comento o lance, até porque no estádio só me apercebi do árbitro mostrar a cartolina roja. Já referi que não escrevo sobre arbitragem, mas se a tarefa já não se afigurava fácil com onze, que esperar dos restantes oitenta minutos a actuar com dez? Por conseguinte, julgo que não faz sentido desenvolver a vertente táctica. Escrever sobre como se comportou o 4x3x2, em detrimento da hipótese 4x4x1 parece-me desnecessário.
Antes desta partida, a minha preocupação prendia-se mais com a perspectiva de sofrer um golo ou da equipa revelar desacerto na finalização. Sinceramente, apesar do bom toque de bola da equipa espanhola, a ideia que ficou é que o Getafe estava ao alcance de um Benfica personalizado. Alías, na temporada passada fui ver aquele triste 0-0 com o Espanyol e o clube de Barcelona deixou-me melhor impressão.
Assim, nas minhas expectativas iniciais, esperava concentração e inspiração. A equipa ofereceu suor e transpiração. Quando assim é, mesmo insatisfeito com o resultado, não posso ficar indiferente à atitude dos jogadores.
A minha réstea de esperança reside nesse facto: desconfio do talento, mas acredito no esforço individual e colectivo. Hoje e durante os próximos dias sei que o sentimento aponta para o pessimismo. Mas, no próximo dia 12 de Março, vou acreditar que a desilusão de ontem possa transformar-se numa jornada gloriosa. À Benfica. Há espaço para sonhar.
Restantes jogos dos oitavos-de-final da Taça UEFA:
Anderlecht (Bélgica)-Bayern (Alemanha), 0-5
(Altintop, 9m; Luca Toni, 45m; Podolsky, 57m; Klose, 67m; Ribery, 86m)
Fiorentina (Itália)-Everton, (Inglaterra), 2-0
(Kuzmanovic, 70m; Montolivo, 81m)
Marselha (França)-Zenit St. Petersburgo (Rússia), 3-1
(Cissé, 36m e 54m; Niang, 47m); (Arshavin, 82m)
Bolton (Inglaterra)-SPORTING (PORTUGAL), 1-1
(McCann, 25m); (Vukcevic, 70m)
Rangers (Escócia)-Werder Bremen (Alemanha), 2-0
(Cousin, 45m; Davis, 48m)
Bayer Leverkusen (Alemanha)-Hamburgo (Alemanha), 1-0
(Gekas, 77m)
Tottenham (Inglaterra)-PSV Eindhoven (Holanda), 0-1
(Farfan, 36m)
2 comentários:
Apesar da situação difícil de nos vermos privados de um jogador aos 10 minutos de jogo (e logo do melhor marcador), discordo da ideia de que não podíamos ter feito mais. Uma equipa com 10 não está, à partida, derrotada. Claro que são necessários mecanismos que - como já, estafadamente, se analisou e que é uma evidência para que olhe com olhos de ver para a equipa de camacho - o Benfica não tem, mas parece-me que teria sido bem mais acertado apostar num atacante (no caso, Mantorras) e "puxar" a equipa para um bloco compacto e sólido num 4-4-1. Assim, Camacho apostou em dois jogadores (Rodríguez e Di María) que se revezavam entre a linha e a frente do ataque, partindo a equipa, dando espaços ao adversário entre a defesa e o meio-campo (Di María não sabe "fechar" correctamente) e não retirou dividendos da sua opção. A equipa correu muito (louve-se isso) mas correu mal. Como não tem processos interiorizados nem estratégias alternativas de jogo o Benfica apostou no suor e no acaso - características de Camacho, claramente; não se pode exigir mais a um treinador que é totalmente inapto como técnico de futebol. Além disso, não ter sequer feito as 3 substituições a que tinha direito é incompreensível. A equipa, a partir dos 60 minutos, tinha 2 ou 3 jogadores exaustos. Seria compreensível colocar Assis por Rui Costa (que jogava com coração, mas sem clarividência devido à exaustão física) nos últimos 30 minutos de jogo. Assis teria colocado a equipa a respirar melhor e poderia ganhar faltas perigosas e ter criado desequilíbrios nos últimos 30 metros do campo. Se Assis estava lesionado, David Simão e Carvalhas poderiam ter entrado. Não fazer a 3ª substituição e fazer a 2ª a 20 minutos do fim revelou pouca inteligência por parte do espanhol. Nada a que não estejamos já habituados.
Para a segunda mão, esperar que alguns jogadores importantes recuperem e esperar por um "milagre".
Nota última para Cardozo: não é compreensível, de forma alguma, que um jogador do Benfica ponha a eliminatória em risco logo aos 10 minutos, numa jogada inconsequente. Absolutamente ridícula aquela atitude.
Olá Ricardo,
Obrigado pelo comentário.
Obviamente, é sempre possível fazer mais e melhor. Mesmo jogando com 10 jogadores.
Lembro-me de uma partida frente ao FC Porto, no Dragão, em que Jorge Costa é expulso e, ao intervalo, José Mourinho sai-se com esta: "é ir para cima deles que só vão defender e não vão estar à espera da nossa pressão". Depois, Deco fez o resto.
No estádio, também me apercebi do 4x3x2, com Rodríguez e Di María a deambular na frente, mas até concordo com a opção. Primeiro, em 4x4x1, seria muito complicado pressionar a defesa contrária. Segundo, com os dois avançados soltos era a melhor forma de jogar entre-linhas e tentar aproveitar alguma combinação ou jogada individual.
Problema seguinte: não sabemos a verdadeira condição física de Mantorras. Pode jogar 1 hora? 30 minutos? Não sabemos.
Para complicar, Nuno Assis não devia estar em condições, senão teria entrado.
Claro que havia a hipótese chamada André Carvalhas, n.º 10 dos juniores, jovem de enorme talento. Resta saber se o jogador estaria preparado para assumir a pressão, pois não tem minutos na equipa principal. O problema é não dar a possibilidade de jogar alguns minutinhos, mas entendo que seria um risco acrescido. Aceitaria ambas as decisões.
Quanto a Cardozo, o seu gesto foi uma infantilidade, mas o capitão Belenguer, de 35 anos, também soube tirar partido da situação. Não vejo necessidade em culpar o avançado paraguaio, da mesma forma que se o Benfica perdesse em Alvalade ninguém iria culpar Nélson.
Já se sabe que esta equipa não tem a categoria e experiência de há 2 ou 3 anos e portanto resta-nos esperar por uma exibição perfeita no dia 12 de Março e aguardar que a planificação desportiva seja encarada de outra forma.
Abraço.
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