Quatro dias após a passagem de ano, a primeira desilusão de 2009 teve origem num pequeno município situado no extremo norte do distrito do Porto. Como seria de esperar, a derrota frente ao Trofense fez (e continua a fazer) correr muita tinta. Infelizmente, não tenho o poder de explicar este último desaire, nem a fórmula mágica capaz de apontar soluções para os problemas mais prementes. Ainda assim, de modo a evitar a repetição ad eternum dos mesmos argumentos, sugiro a leitura de alguns posts que traduzem a minha visão do mundo encarnado. Sem querer ser pretencioso, nas entrelinhas podem-se encontrar ligeiros "gritos de alerta": a política desportiva de aposta na formação, a limpeza de balneário, o sistema táctico e os princípios de jogo de Quique Flores e, também, o ADN de um clube histórico.
Agora, oportunidade para um exercício de memória interessante: comparar a actual equipa com aquela que conquistou o título nacional em 2004/05. Para além das naturais diferenças na estrutura de futebol, equipa técnica incluída, importa distinguir certas particularidades em termos de plantel:
- Época 2004/05
Dezassete jogadores portugueses (50% do plantel)
Nove nacionalidades distintas
Numa equipa liderada pela "raposa" Trapattoni, espremida ao máximo, o onze normalmente titular contemplava oito atletas portugueses: Quim, Miguel, Ricardo Rocha, Petit, Manuel Fernandes, Nuno Assis, Simão e Nuno Gomes.
- Época 2008/09
Oito jogadores portugueses (29,6% do plantel)
Treze nacionalidades diferentes
Numa equipa comandada por Quique Flores, o onze que costuma entrar em campo raramente contempla mais do que quatro portugueses e, para a maioria, trata-se do primeiro ano a jogar na Luz.
Se pretendesse ser mais pormenorizado, poderia acrescentar mais dados à discussão. Todavia, bastam algumas linhas para provar o que pretendo.
Na temporada 2004/05 a equipa ostentava a conquista da Taça de Portugal, na época imediatamente anterior, com um núcleo duro de jogadores que vinham a ser moldados há dois ou três anos. Tratava-se de um plantel em fase de maturação competitiva que, sem cativar em termos exibicionais, mostrava-se no ponto crítico de estabilidade para finalmente vencer a principal competição nacional. Apesar das críticas, era uma equipa segura e talhada para vencer. Na altura, Simão assumia um protagonismo e brilhantismo imcomparável com os dias de hoje.
Na presente temporada, numa equipa praticamente renovada de alto a baixo, poucos podem orgulhar-se de terem sido campeões de águia ao peito. Não existe dinâmica de vitória porque, pura e simplesmente, estes jogadores não têm o hábito de vencer. Trata-se, assim, de um plantel em fase quase embrionária, a necessitar de crescimento rápido, com bons valores individuais, mas que denota imensas dificuldades colectivas em perceber a pressão dos adeptos e lidar com o "ruído" que sempre aparece do exterior. Essencialmente, para muitos deles, falta personalidade que encaixe na grandiosidade do clube, notando-se claramente a carência de mística.
Bem, chegados a este ponto, importa colocar uma questão. Deverá Rui Costa, em conjunto com a Direcção da SAD, optar pela destituição do treinador espanhol, proceder a novas entradas e saídas no mercado de Inverno e, inclusive, efectuar a milionésima revolução do futebol encarnado? Sem hesitações, respondo: Não! De todo! Mesmo que, logo à noite, António-Pedro Vasconcelos diga o contrário.
Agora, oportunidade para um exercício de memória interessante: comparar a actual equipa com aquela que conquistou o título nacional em 2004/05. Para além das naturais diferenças na estrutura de futebol, equipa técnica incluída, importa distinguir certas particularidades em termos de plantel:
- Época 2004/05
Dezassete jogadores portugueses (50% do plantel)
Nove nacionalidades distintas
Numa equipa liderada pela "raposa" Trapattoni, espremida ao máximo, o onze normalmente titular contemplava oito atletas portugueses: Quim, Miguel, Ricardo Rocha, Petit, Manuel Fernandes, Nuno Assis, Simão e Nuno Gomes.
- Época 2008/09
Oito jogadores portugueses (29,6% do plantel)
Treze nacionalidades diferentes
Numa equipa comandada por Quique Flores, o onze que costuma entrar em campo raramente contempla mais do que quatro portugueses e, para a maioria, trata-se do primeiro ano a jogar na Luz.
Se pretendesse ser mais pormenorizado, poderia acrescentar mais dados à discussão. Todavia, bastam algumas linhas para provar o que pretendo.
Na temporada 2004/05 a equipa ostentava a conquista da Taça de Portugal, na época imediatamente anterior, com um núcleo duro de jogadores que vinham a ser moldados há dois ou três anos. Tratava-se de um plantel em fase de maturação competitiva que, sem cativar em termos exibicionais, mostrava-se no ponto crítico de estabilidade para finalmente vencer a principal competição nacional. Apesar das críticas, era uma equipa segura e talhada para vencer. Na altura, Simão assumia um protagonismo e brilhantismo imcomparável com os dias de hoje.
Na presente temporada, numa equipa praticamente renovada de alto a baixo, poucos podem orgulhar-se de terem sido campeões de águia ao peito. Não existe dinâmica de vitória porque, pura e simplesmente, estes jogadores não têm o hábito de vencer. Trata-se, assim, de um plantel em fase quase embrionária, a necessitar de crescimento rápido, com bons valores individuais, mas que denota imensas dificuldades colectivas em perceber a pressão dos adeptos e lidar com o "ruído" que sempre aparece do exterior. Essencialmente, para muitos deles, falta personalidade que encaixe na grandiosidade do clube, notando-se claramente a carência de mística.
Bem, chegados a este ponto, importa colocar uma questão. Deverá Rui Costa, em conjunto com a Direcção da SAD, optar pela destituição do treinador espanhol, proceder a novas entradas e saídas no mercado de Inverno e, inclusive, efectuar a milionésima revolução do futebol encarnado? Sem hesitações, respondo: Não! De todo! Mesmo que, logo à noite, António-Pedro Vasconcelos diga o contrário.
2 comentários:
Bom Ano, Ricardo!
Desde o início que apoiei esta nova dupla que está à frente do futebol do Benfica 2008/2009, Rui Costa e Quique Flores. Se o primeiro, na minha opinião, tem tido um bom desempenho, o segundo está a deixar a desejar. Não que lhe não reconheça capacidades e potencial para ser ele a levar o nosso clube a uma posição mais consistente nos planos nacional e internacional, mas há certos aspectos na forma como gere o plantel que tem que me deixam bastante apreensivo. A primeira, óbvia para quem tem dois olhos na cara e desde há uns bons meses a esta parte, é, evidentemente, a questão do 442 clássico. Viu-se e reviu-se que este plantel não tem soluções que o potenciem nem ele - opinião pessoal - está condizente com o que é o futebol actual. No entanto, Quique insiste nele como um doido teimoso, sem que se adivinhe uma esperança de humildade na posição do espanhol em relação ao seu modelo de preferência. Os grandes treinadores devem acreditar e teimar nas suas ideias mas só no limite do razoável; também os faz serem grandes poderem abdicar das suas ideias em função da necessidade de uma equipa e essa, a necessidade de mudança, era evidente há muito tempo; daí que a derrota na Trofa, muito mais do que uma surpresa, era uma certeza com data mais ou menos programada. Quique não viu ou não quis ver? Qualquer uma das hipóteses, deixa-me preocupado sobre a sua real capacidade para ser o treinador ideal para o Benfica.
Outro aspecto é a constante aposta em jogadores que, a meu ver, não têm categoria para jogar na Liga de Honra, quanto mais no Benfica! Binya é um caso gritante. Porém, Quique parece ter visto no camaronês uma nova versão de Makelele. Assim... não.
Persisto na ideia de estabilidade, de paciência, de integração e de tempo. Nesse sentido, apoio a manutenção do treinador. Sem que deixe de estar atento aos sinais que as suas opções vão dando e esses, até agora, não têm sido os melhores...
Abraço!
Antes de mais os meus parabéns pela qualidade dos conteúdos publicados no blog e Bom Ano de 2009!
Quanto ao (nosso) Benfica, concordo com a maioria das premissas. Esta equipa apesar de estar dotada de bons valores individuais tem ainda diversas lacunas que precisam de ser colmatadas, no entanto, na minha discutivel opinião, o pior que se poderá fazer é entrar em nova "revolução encarnada", é preciso tempo e espaço para se trabalhar, coisa que não existe com a enorme mediatização dos acontecimentos no universo encarnado.
Se o título nos fugir, não entrem em desespero, não culpem este ou aquele, deixem que as coisas sejam planeadas com segurança e tranquilidade, só assim se constroi um projecto sólido.
Este plantel e esta estrutura tem, a meu ver, boas condições para um futuro risonho, basta olharmos os jovens valores quem podem ser aproveitados, jogadores como Miguel Vítor, David Luiz, Sidnei, Filipe Bastos, Urreta e Di Maria e para alguns valores que podem ser ainda mais potenciados.
É tempo de esquecerem os "anos do título" a cada pré-época, ambicisiosos são os que planeiam o seu sucesso a longo prazo e com maiores certezas.
Saudações desportivas,
Dário Pinto
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